“Se preparem para o impacto da Inteligência Artificial”, alerta o presidente do Google

O CEO da empresa, Sundar Pichai, deu entrevista em que transpareceu que a sociedade parece não estar preparada para os impactos meteóricos das ferramentas de Inteligência Artificial

de Redação Jornal Ciência 0

Em recente declaração, Sundar Pichai, atual CEO do Google e da Alphabet, reconheceu a necessidade de a sociedade se preparar para o rápido progresso da inteligência artificial.

Pichai advertiu que este desenvolvimento poderia potencialmente perturbar o mercado de trabalho e intensificar as questões de segurança.

O presidente do Google solicitou a implementação de novos regulamentos para reger o uso de Inteligência Artificial (IA) em uma entrevista para o programa “60 Minutos”, da CBS, no domingo (16/04).

Isto vem em meio às preocupações de segurança levantadas por Elon Musk e outros magnatas e especialistas em tecnologia, que pediram publicamente que deveríamos dar uma “pausa” no desenvolvimento de sistemas avançados de IA.

Pichai enfatizou que trabalhadores das diversas áreas do conhecimento, hoje exercidos por humanos, seriam duramente afetados pela Inteligência Artificial extremamente capaz de substituir pessoas de maneira eficaz.

Conforme a sociedade progride, há várias questões que precisam ser abordadas. A abrangência vai muito além, inclusive em áreas onde muitos acreditam estarem “protegidos”, como na Medicina, onde robôs podem realizar cirurgias autônomas e inclusive dar consultas com precisão através dos sintomas.

Para Sundar Pichai, a decisão destes acontecimentos não está dentro da abrangência de nenhuma empresa em particular. Ele afirmou que isso teria impacto em “cada produto, em cada empresa” e, até mesmo, reconheceu que o Google não tinha entendimento completo de todos os aspectos de seus próprios sistemas.

Durante a entrevista, o presidente do Google advertiu que o uso crescente de Inteligência Artificial avançada poderia levar à perda de empregos entre trabalhadores do conhecimento, tais como escritores, contadores, arquitetos, engenheiros de software e muitos outros.

Para ele, habilidades inesperadas que os programas de Inteligência Artificial da empresa adquiriram, conhecidas como “propriedades emergentes”, são impressionantes.

Um programa do Google alcançou um feito notável ao aprender a traduzir a Língua Bengali sem nenhuma instrução explícita.

Pichai reconheceu que os engenheiros de sua empresa não foram capazes de compreender completamente o fenômeno. Não está claro como os sistemas conseguiram realizar tal ação sem instruções inseridas por humanos.

“Caixa preta”

Sundar Pichai, atual CEO do Google e da Alphabet. Foto: Reprodução / CBS

“Há um aspecto disso que, todos nós da área, o chamamos de ‘caixa preta’. Você não entende completamente. E você não consegue dizer por que disse isso ou por que deu errado”, afirmou Pichai.

Neste momento, o apresentador do programa questionou como o Google poderia “soltar esta tecnologia na sociedade” sem um entendimento total da tecnologia.

“Deixe-me colocar deste jeito. Acho que também não entendemos completamente como a mente humana funciona”, respondeu.

“A IA afetará tudo. Você pode ser um radiologista — se pensar daqui 5 ou 10 anos – e terá um colaborador de IA com você. Você chega de manhã, digamos que você tem uma centena de coisas para resolver, e o sistema pode dizer ‘estes são os casos mais sérios que você precisa examinar primeiro’”, disse.

No mercado emergente, o Google está trabalhando arduamente para desenvolver seu próprio chatbot chamado “Bard” para se manter competitivo e acompanhar o ritmo da revolução tecnológica.

Pichai admite que tem dúvidas se a sociedade está pronta para o impacto iminente da Inteligência Artificial. Para ele, a velocidade que as empresas e pessoas conseguem se adaptar é muito menor do que o ritmo que a tecnologia está evoluindo — parece haver uma incompatibilidade.

“Por outro lado, em comparação com qualquer outra tecnologia, vi mais pessoas preocupadas com ela no início de seu ciclo de vida — então me sinto otimista”, disse.

Para ele, o crescente número de especialistas que começaram a se preocupar com o tema e a debater seriamente sobre os impactos é algo benéfico, já que muitos estão levando de maneira séria o que ocorrerá em poucos anos.

Debate e preocupação mundial

As análises e preocupações sobre a Inteligência Artificial ganharam novos capítulos nas últimas semanas, devido ao grande sucesso do ChatGPT, da OpenAI, apoiado pela Microsoft.

O ChatGPT ganhou milhões de seguidores em pouquíssimos dias devido às suas respostas “humanas” sobre diversos temas, perguntas, assuntos e comandos.

Até poesias, letras de músicas, redações e trabalhos escolares completos podem ser feitos usando a ferramenta, fazendo perguntas para o sistema ou dando comandos.

Mas, diversos registros de informações falsas dadas pela ferramenta, citações de estudos científicos inexistentes e até notícias inventadas foram observadas, na tentativa de entregar um texto perfeito, através do comando dado.

Isto levantou preocupações sobre a potencial perda de empregos e a disseminação de desinformação. Apesar dos erros, a ferramenta produz de forma tão eficaz que é impossível distinguir o que foi feito por um ser humano ou pela máquina.

No mês passado, o bilionário Elon Musk, juntamente com 1.000 especialistas, defendeu em carta à imprensa mundial, que todos os estudos de Inteligência Artificial sejam paralisados por 6 meses para que proteções adequadas possam ser implementadas a fim de evitar que a IA adquira “vontade própria” — parece filme de ficção científica, mas não é.

De acordo com o New York Post, Elon Musk declarou recentemente que a Inteligência Artificial tem potencial para “destruir a civilização humana” — o que soa contraproducente, já que ele lançou sua própria empresa de IA para competir diretamente contra o ChatGPT.

Fonte(s): New York Post / The Guardian / Bloomberg / CNBC Imagem de Capa: Reprodução / New York Post

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