Coletores Menstruais: Como surgiram, por que são melhores que absorventes e a história de sua criação

de OTTO HESENDORFF 0

O coletor menstrual, uma inovação na área de produtos de higiene feminina, foi originalmente patenteado em 1937 pela atriz norte-americana Leona W. Chalmers. Este produto não alcançou grande popularidade inicialmente, devido, em parte, à escassez de matéria-prima durante a Segunda Guerra Mundial e ao tabu menstrual existente na sociedade.

O renascimento do interesse pelos coletores menstruais nos tempos modernos encorajou o debate e a quebra de tabus em torno da menstruação. Embora seja considerado mais difícil de usar do que os absorventes convencionais, o coletor menstrual é visto como uma alternativa mais econômica e ecológica.

Mas o que a ciência tem a dizer sobre eles? Para responder a isso, a revista Muy Interesante analisou uma série de estudos, buscando entender o que já foi pesquisado sobre esse método e o motivo de sua crescente popularidade entre as mulheres.

O que é?

O coletor menstrual é um recipiente em forma de funil, feito de um material hipoalergênico flexível, que é inserido na vagina para recolher os fluidos menstruais. Com uma higiene adequada, ele pode ser usado por anos — alguns fabricantes e fontes afirmam que é possível utilizá-lo por até uma década.

Do ponto de vista prático, é importante saber escolher o coletor menstrual adequado, considerando o comprimento do canal vaginal e o volume do fluxo menstrual. A higienização correta é também fundamental, sendo recomendada a limpeza com água fervente ou soluções de limpeza específicas para evitar contaminação.

Existe há quase 90 anos

Embora tenha se tornado popular mais recentemente, o coletor menstrual tem quase 90 anos de existência e vem sendo estudado por cientistas há muitas décadas. Em um estudo publicado em 1962 pela revista Obstetrics & Gynecology, pesquisadores apresentaram o método como uma boa alternativa para evitar infecções vaginais que anteriormente eram causadas por absorventes internos. Três anos antes, a mesma publicação já havia sugerido um trabalho com instruções para o uso adequado do coletor menstrual.

Também existem inúmeros estudos sobre a incidência da Síndrome do Choque Tóxico, comum ao uso de absorventes internos, comparando com o uso do coletor menstrual. Como já se conhece quais tipos de fibras apresentam maiores riscos, a composição dos modelos existentes de coletores proporciona uma maior proteção às mulheres.

Ideal para estudar a endometriose

O coletor menstrual foi apresentado como uma boa oportunidade para estudar a composição dos fluidos expelidos durante a menstruação. Quando coletados e não misturados com outras substâncias, esses fluidos permanecem inalterados. Em um artigo publicado em 1997 na revista Fertility and Sterility, cientistas indicaram que as amostras fornecidas pelo coletor são úteis até 5 dias após a coleta, uma vez que “contêm tecido endometrial que pode ser usado para análise in vitro de câncer do endométrio e endometriose”.

Mais higiênico e barato

O coletor pode ser uma alternativa mais higiênica e econômica para mulheres com poucos recursos. Em países menos desenvolvidos, os absorventes internos e externos são considerados produtos de luxo, levando algumas mulheres a optar por pedaços de teco como alternativa, criando um risco sanitário. Assim, o coletor menstrual se apresenta como uma solução viável, sendo reutilizável e mais fácil de lavar do que os tecidos.

Um aspecto relevante do uso dos coletores menstruais é a questão ambiental e de saúde pública. Por exemplo, no Quênia, a distribuição gratuita de produtos menstruais nas escolas é uma iniciativa para aumentar a frequência escolar, reconhecendo a menstruação como uma parte natural do corpo que necessita de cuidados básicos. Este exemplo ilustra a importância de tratar a menstruação como uma questão de saúde pública e de direitos humanos, incluindo o fornecimento de alternativas sustentáveis como os coletores menstruais.

Diversos especialistas enfatizam que o acesso a produtos menstruais é uma questão de direitos humanos, ressaltando a necessidade de políticas públicas voltadas à distribuição gratuita ou a preços acessíveis de produtos como absorventes e coletores menstruais.

Coletor menstrual ou absorvente?

Os coletores menstruais superam os absorventes tradicionais em diversos aspectos, incluindo benefícios para a saúde íntima, menor impacto ambiental e economia. Eles são feitos de silicone hipoalergênico, que não prejudica a flora vaginal, enquanto os absorventes descartáveis podem desequilibrar o pH vaginal e promover o crescimento de microrganismos nocivos. Estudos recentes indicam que o uso regular de coletores pode melhorar a saúde da microbiota vaginal e diminuir a ocorrência de infecções, incluindo as sexualmente transmissíveis.

Do ponto de vista financeiro e ambiental, os coletores menstruais se destacam pela longevidade, podendo durar até 10 anos, reduzindo o acúmulo de lixo e o consumo de produtos descartáveis. Essa durabilidade representa uma economia significativa a longo prazo. Eles também garantem maior mobilidade para atividades diárias e esportivas, sendo discretos e não causando desconforto, irritações ou alergias. A troca é necessária apenas a cada 6 a 12 horas.

A escolha de um coletor menstrual apropriado deve considerar características pessoais, como o volume do fluxo, idade, histórico de parto, tonicidade muscular pélvica e anatomia. Existem várias técnicas para inserir o coletor confortavelmente, e manter uma higiene adequada é essencial para prevenir infecções e assegurar a integridade do produto. Isso pode ser aprendido em uma consulta com um ginecologista ou obstetra e através das orientações dos fabricantes.

Os coletores menstruais oferecem uma opção mais benéfica à saúde, mais econômica e sustentável em comparação com os absorventes descartáveis, contribuindo para o bem-estar feminino e a proteção do meio ambiente.

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Fonte(s): Muy Interesante Imagem de Capa: Reprodução / Getrael

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