Médico se torna viciado em metanfetamina após usar a droga para fazer plantões de 48 horas

de Merelyn Cerqueira 0

Sasitharan Ayanai, um médico malaio de 39 anos, confessou lutar há nove anos contra um vício em metanfetaminas após ter sido apresentado ao entorpecente como uma forma de aumentar a energia para trabalhar em turnos de 48 horas. 

Funcionário de um hospital público em Johor Baru, na Malásia, ele se tornou viciado logo após voltar da Rússia, onde cursou medicina.

Devido aos longos turnos, muitas vezes com 48 horas de duração e sem qualquer possibilidade de descanso adequado, ele era obrigado a tratar inúmeros pacientes. Assim, se viu obrigado também a aumentar o nível de energia de seu corpo para lidar com a situação.

Apresentado a metanfetamina, começou a usar achando que, por ser médico, seria capaz de controlá-la. No entanto, nove anos depois, ainda está lutando para permanecer limpo.

“Naquela época, eu estava estressado e, depois de algum tempo, fui apresentado à metanfetamina”, disse ele ao Malay Mail.


Foi o reforço necessário para longas horas de trabalho. Eu só queria energia, só isso. Então, na minha mente, pensei que seria poupado do vício porque pensei que, como médico, seria capaz de manter (os impulsos) sob controle, mas eu estava errado e as drogas me seguraram e me tornaram um viciado”.


Há seis anos decidiu que era hora de parar com o vício, voluntariamente se entregando a um centro de reabilitação na clínica Rumah Pengasih. Embora tenha tido sucesso nos anos seguintes, há dois anos recaiu na dependência.

“Em 2017, deixei Pengasih porque meu pai estava doente e, quando saí, foi difícil para mim me adaptar, e uma vez, depois de seis meses, juntamente com depressão por insultos de parentes, eu recaí”, disse o médico.

Ele se internou novamente há dois meses, de modo que, no momento, ainda está em tratamento. Ele espera que dessa vez consiga ficar longe das drogas de uma vez por todas.

Embora a metanfetamina tenha lhe dado a energia buscada, ela veio com efeitos colaterais que afetaram fortemente sua vida pessoal, incluindo mudanças bruscas de humor, que culminou no fim de seu casamento.

Segundo Ramli Abd Samad, presidente do centro de reabilitação Rumah Pengasih, a percepção geral é que somente pessoas com antecedentes sociais desfavoráveis acabam se tornando viciadas, o que não é o caso, tendo em vista a história do Dr. Sasitharan Ayanai, que o fez apenas para melhorar o desempenho no trabalho.

“Naquela época as drogas eram usadas para fins recreativos, para aproveitar as boates, mas agora muitas pessoas também estão usando para fins de trabalho, para aumentar a confiança ao fazer apresentações e assim por diante. Isso ocorre porque as drogas modernas têm a capacidade de aumentar a concentração e a energia”, concluiu Ramli.

Foto: Reprodução / Pixabay / Wikipédia

Jornal Ciência