Luz visível emitida por buraco negro é detectada pela primeira vez

de Bruno Rizzato 0

Pela primeira vez na história, astrônomos conseguiram observar explosões de luz visível liberadas por um buraco negro enquanto ele engole a matéria de estrelas próximas. Intercalados por vários minutos a algumas horas, os flashes originaram-se de um buraco negro presente na constelação Cygnus, a cerca de 7.800 anos-luz de distância da Terra.

A equipe ficou surpresa, já que alguns flashes eram tão brilhantes que até mesmo astrônomos amadores poderiam vê-los com um telescópio de apenas 20 cm, de acordo com o pesquisador-chefe, Mariko Kimura, da Universidade de Kyoto, no Japão. “Estes resultados sugerem que podemos estudar fenômenos físicos que ocorrem nas proximidades do buraco negro usando telescópios ópticos moderados, sem alta especificação de raios-X, ou telescópios de raios gama”, explicou.

Nada consegue escapar de um buraco negro em sua fase final, nem mesmo a luz. O processo de deglutição de gás, poeira ou estrelas inteiras pode causar a formação de um disco de acreção perto do horizonte de eventos. Estes discos podem empurrar correntes de jatos de plasma, chamados de relativistas, ao longo de uma galáxia, e alcançar temperaturas superiores a 10 milhões de graus Celsius, gerando um brilho incrivelmente forte. Foi este brilho o observado por Kimura e sua equipe, no V404 Cygni, um buraco negro ativo na constelação Cygnus, reativado por uma explosão de radiação causada pela força gravitacional de sua estrela parceira, em 15 de junho de 2015, após 26 anos de dormência.

O evento foi detectado pela primeira vez pelo telescópio espacial Swift, da NASA, levando os pesquisadores japoneses a reastreá-lo. Eles pediram que cientistas de 26 localidades ao redor do mundo apontassem seus telescópios ópticos na direção do V404 Cygni. Durante duas semanas, os astrônomos foram capazes de observar os flashes de luz, de forma inédita.

Segundo uma publicação da revista Nature, a equipe acredita que a luz se origina a partir de raios X produzidos no centro do disco de acreção. Esses raios X irradiam e aquecem a região exterior do disco, fazendo com que raios ópticos sejam emitidos. Porém, mais pesquisas são necessárias para confirmar isso. “Estamos muito satisfeitos que a nossa rede de observação internacional foi capaz de se unir para documentar este evento raro”, concluiu o coautor da pesquisa, Daisuku Nogami.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / NASA ]

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