Homem alérgico à radiação eletromagnética desmaia quando um celular toca

de Merelyn Cerqueira 0

Per Segerbäck, 54 anos, era um engenheiro de telecomunicações, mas hoje vive em uma modesta casa localizada em uma reserva natural, cerca de 120 quilômetros de Estocolmo, na Suécia. Por viver em tal isolamento, seus vizinhos são apenas lobos, alces e ursos que vagueiam livremente pelo seu quintal.

A companhia humana é relativamente limitada, pois ele sofre de uma condição que o deixa fisicamente doente em razão da tecnologia. Ele vive praticamente sem eletricidade, e os fotógrafos que quiserem registrar suas imagens precisam fazê-lo através de filme e utilizando a luz do dia para evitar desencadear sua hipersensibilidade, segundo informações da Popular Science.

Certa vez, enquanto caminhava pelos arredores, acabou cruzando com algumas pessoas. Durante o bate-papo, o celular de uma delas tocou, causando um súbito ataque de náuseas em Segerbäck, que ficou inconsciente em poucos segundos.

O homem sofre de uma condição rara chamada eletro-hipersensibilidade (EHS), o que significa que ele tem reações físicas graves quando exposto à radiação eletromagnética produzida por tecnologias comuns – computadores, televisores e telefones celulares. Os sintomas vão de queimação, sensação de formigamento na pele, tonturas, náuseas ou dores de cabeça até distúrbios do sono e perda de memória. Em casos extremos, como o dele, são relatados problemas respiratórios, palpitações cardíacas e perda de consciência.

Enquanto atuava como engenheiro de telecomunicações, Segerbäck trabalhou para a Ellemtel, uma divisão da sueca Ericsson, por mais de 20 anos. Ele era responsável por conduzir um grupo de engenheiros que projetava circuitos avançados integrados para sistemas protótipos de comunicação. Ele costumava utilizar equipamentos de última geração que somente militares suecos tinham acesso. Como consequência disso, era constantemente banhado por radiações não-ionizantes.

Os primeiros sintomas foram sentidos por ele no final de 1980 e quase todos os membros do grupo de trabalho também relataram coisas semelhantes, embora o seu caso tenha sido o mais grave.

Agora, até mesmo um telefone em uso, fazendo, recebendo chamadas ou até mesmo à procura de sinal – que caracterizam os níveis mais altos de radiação – podem ter efeito negativo sobre o sueco, bem como os radares dos aviões que voam perto podem atingi-lo. Ele acredita que o antigo trabalho possa ter sido responsável pela sua condição.

Os campos eletromagnéticos (CEM) são inevitáveis e estamos constantemente expostos a eles, especialmente pelas formas de radiação de frequência extremamente baixa (ELF), oriundas dos aparelhos domésticos, bem como celulares, que operam na faixa do espectro de radiofrequências, juntamente com os radares e rádios FM.

A Suécia é o único país do mundo a reconhecer a EHS como um comportamento funcional. O caso de Segerbäck foi importante para a criação de políticas para tratar a condição. Cerca de 3% da população sueca (ou 250.000 pessoas) sofre com o distúrbio, de acordo com as estatísticas do governo local. Logo, os diagnosticados têm direitos similares aos serviços sociais oferecidos à cegos e surdos. As autoridades chegam a pagar para que as casas deles sejam “higienizadas” de radiação, quando necessário.

[ PopSci ] [ Fotos: Divulgação ]

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