Enquanto caminhava sobre uma fina camada de gelo que cobria o Rio Danúbio, no Sudoeste da Alemanha, uma raposa acabou caindo dentro da água. A imagem do incidente, registrada pelo caçador alemão Franz Stehle, rodou o mundo na última sexta-feira e, de acordo com ele em entrevista à agência de notícias DPA, foi tirada para alertar sobre os perigos associados aos rios durante o inverno.
Contudo, a imagem é apenas uma entre uma série de registros impressionantes que ilustram o frio intenso que atualmente atinge o Hemisfério Norte. As constantes ondas de frio registradas na região provocaram muitos estragos e já mataram quase 1.000 pessoas, de acordo com informações do De Olho no Tempo.
As intensas massas polares foram potencializadas por vórtices ciclônicos (regiões de baixa pressão atmosférica) e uma contínua corrente de ventos de até 300 quilômetros por hora, sobre 12.000 metros de altitude, que contorna o Círculo Polar Ártico. Tais invasões gélidas acabaram migrando para o sul, rumo ao Equador, provocando intensas e violentas tempestades de neve no processo.
Na Argélia, as cidades localizadas em regiões mais elevadas registraram temperaturas de até -5° C com precipitação de neve. A neve também atingiu Deserto do Saara de forma intensa pela segunda vez desde 1979, sendo que eventos de menor intensidade foram registrados em 2005 e 2012, de acordo com o Gizmodo.
Na região de Alexandria, no Egito, foi registrada a menor temperatura em 100 anos, de 0° C, enquanto que no aeroporto internacional da cidade a mínima oficial foi de 3° C. Na Ásia, países como China, Afeganistão, Mongólia, Nepal, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão também enfrentaram seus mais rigorosos invernos dos últimos 60 anos.
No norte da Mongólia, a menor temperatura para um mês de janeiro desde 1968 foi registrada, de -45° C. O gelo, de acordo com o governo do país, destruiu plantações e matou muitos animais.Na costa leste americana, a neve acumulada chegou a 20 centímetros de altura, enquanto que na Rússia e Polônia, as temperaturas estão abaixo de -20° C. Cerca de 10 poloneses morreram em razão do extremo frio. A Antártida também registrou temperaturas recordes, com até -65° C no norte da Sibéria.
A neve acumulada é um dos maiores problemas, uma vez que causa severos estragos em plantações, fecha aeroportos e rodovias, isolando cidades inteiras. Em consequência disso, regiões sofreram com falta de comida em supermercados além da fabricação de ração para o gado também ter sido afetada. Ainda, o peso da neve em fios de alta tensão resultou na interrupção do fornecimento de energia elétrica em cidades, bem como causou diversos desabamentos de telhados, especialmente na Turquia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e ONU constantemente monitoram o número de mortos em razão das baixas temperaturas – que já ultrapassou os 800 óbitos. Autoridades locais confirmaram pelo menos 25 mortes na Alemanha, 90 na Bulgária, cerca de 50 na República Tcheca, 45 na Romênia, cerca de 300 na Turquia e 150 na Ucrânia.
As mortes, em grande parte, envolvem acidentes de trânsito, com congestionamentos gigantes provocados pelo acúmulo de gelo nas rodovias, bem como moradores de rua que não recebem assistência das autoridades responsáveis.
[ Daily Mail / The Telegraph ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail / The Independent ]