DNA confirma identidade de bactéria por trás da Grande Praga de Londres, de 1665

de Merelyn Cerqueira 0

A Grande Praga de Londres, que teve lugar no século 17, durante os anos 1665 e 1666, eliminou quase um quarto da população da mais importante cidade da Inglaterra.

A partir de uma vala comum de vítimas da peste, encontrada em Liverpool Street durante a construção de uma nova estação de trem (Crossrail Elizabeth), cientistas conseguiram identificar vestígios da bactéria Yersinia pestis, confirmando pela primeira vez que ela de fato esteve por trás da epidemia.

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De acordo com informações do jornal inglês Daily Mail, cerca de 42 corpos foram encontrados no poço, empilhados em até oito caixões e envoltos em mortalhas. Acredita-se que ali provavelmente foram enterrados cerca de 100 indivíduos, embora alguns corpos tenham sido destruídos em razão da construção de edifícios durante o século 19 e 20.

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Foram recolhidas amostras dos dentes de 20 esqueletos para que os cientistas procurassem vestígios do patógeno. Eles descobriram que pelo menos cinco dessas pessoas tinham sido expostas a ele antes de morrer, dando como provável a bactéria como causa morte.

Agora, os cientistas esperam sequenciar todo o genoma da bactéria na esperança de compará-las com as responsáveis pela Peste Negra de 1348. A pesquisa poderia ajudar a fornecer novas ideias sobre a evolução da doença, que uma vez se espalhou por toda a Europa em um decurso de vários séculos. Segundo a professora e especialista na história de Londres Vanessa Harding, da Birkbeck, Universidade de Londres, trata-se de “uma descoberta muito excitante história da cidade, a história da doença e a história dos enterrados”.

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“Ela confirma que a Yersinia pestis estava presente em epidemias modernas como a de Londres e as ligam de uma forma epidemiológica à Peste Negra do século 14 e a Praga de Marselha, em 1720”, disse. “No entanto, ainda precisamos entender por que a doença se manifesta de muitas maneiras diferentes, e se outros patógenos tiveram alguma contribuição significativa para essas epidemias”.

Muitas das vezes epidemias são causadas por diferentes estirpes de bactérias, conforme a população passa a desenvolver uma certa imunidade contra alguma delas, obrigando-as a evoluir. Contudo, a análise recente feita a partir das ossadas encontradas na Inglaterra sugere que a bactéria por trás da Peste Negra de 1348 e da Grande Peste de Londres, de 1665, eram da mesma estirpe.

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Os pesquisadores concentraram a análise em três locais de surto histórico da praga a partir de duas valas comuns encontradas na Espanha e Alemanha (onde também foi encontrado um túmulo único). Enquanto a doença era considerada endêmica na Europa, a pesquisa também foi capaz de associar a bactéria a surtos mais recentes que ocorrem na China e Índia em meados de 1900, sugerindo que a propagação atravessou o continente europeu.

A Y. pestis era apenas considerada suspeita como a causa da Grande Peste do século 17, as novas descobertas então, são as primeiras a confirmar isso definitivamente. Estima-se que ela tenha matado cerca de 100.000 pessoas em Londres, mas é bem provável que o número total de mortos tenha sido muito maior, já que vilas e cidades em torno da Inglaterra também foram atingidas.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]

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