Amuleto de 6.000 anos de idade foi criado com tecnologia que é usada pela NASA até hoje

de Gustavo Teixera 0

Um amuleto de 6.000 anos de idade, originalmente descoberto na aldeia neolítica de Mehragarh, no Paquistão, é o primeiro exemplo de fundição de cera perdida.

O método consiste em criar uma escultura de cera, em seguida, colocá-la dentro de alguma caixa e preencher o espaço com concreto ou material semelhante. Isso é então aquecido e conforme a cera líquida é derramada, o concreto se transforma em um molde. Após isso, o metal derretido é colocado dentro do molde e, uma vez resfriado, o molde é quebrado, deixando o objeto de metal intacto.

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O amuleto é um dos vários enfeites de cera perdida descobertos durante a escavação do local em Mehrgarh

O amuleto antigo é o exemplo mais velho dessa técnica de metalurgia utilizada até hoje pela NASA. O artefato foi analisado como parte de um novo estudo utilizando uma técnica para determinar exatamente como ele foi feito conhecida como “fotoluminescência”, que é a propriedade que determinados elementos têm para emitir radiação luminosa após serem submetidos a uma fonte de excitação externa.

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Imagens de alta fotoluminescência de dinâmica espacial (PL, topo) e microscopia óptica (fundo) de uma área de uma porção de um raio do amuleto em forma de roda. As imagens revelam cerdas microscópicas de óxido de cobre que denotam como o artefato foi feito

Como diferentes materiais refletem diferentes quantidades de luz, isso permitiu identificar os materiais exatos utilizados para fazer o amuleto. A pesquisa foi realizada por pesquisadores de Ipanema, um centro europeu de estudo de materiais arqueológicos.

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O sítio arqueológico em Mehragarh, no Paquistão, onde o amuleto foi encontrado.

O grupo é baseado no síncrotron SOLEIL, um tipo de acelerador de partículas, localizado perto de Paris na França. O processo revelou que o amuleto foi feito como uma única peça, levando os pesquisadores a concluírem que o processo de fundição de cera perdida foi utilizado para fazer o objeto.

O estudo publicado na revista Nature descobriu que o amuleto foi feito por derramamento de cobre muito puro fundido em um molde de argila usando fundição de cera perdida. O cobre absorveu uma pequena quantidade de oxigênio durante o processamento, o que explica a presença de “cerdas” de óxido de cobre microscópicas no amuleto.

Cera perdida pode ser usada para produzir projetos muito mais complexos que um simples amuleto. Esse ainda é o método o mais popular usado para a fundição, mas seu uso se estende para muitos outros lugares e ocasiões. “É também hoje a técnica de mais alta precisão de formação metálica, com o nome de ‘fundição de precisão’ nos setores aeroespacial, aeronáutico e biomédico, para as ligas de alto desempenho de aço de titânio”, explicam os pesquisadores.

A técnica foi usada para criar vários componentes usados na Estação Espacial Internacional e no Rover Curiosity, veículo da NASA destinado a explorar Marte. O processo também foi usado para criar partes da espaçonave Messenger, que orbitou Mercúrio entre 2011 e 2015. Cada vez mais descobrimos que antigas civilizações eram bastante desenvolvidas em diferentes aspectos. O que nos lembra de não

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ] 

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