Ironicamente, luz que saiu de um buraco negro é considerada a mais antiga do Universo

de Rafael Fernandes 0

Um jato de luz saído de um antigo buraco negro deu aos astrônomos um vislumbre de luz emitida quando o Universo tinha apenas 2,7 bilhões de anos.

Pesquisadores, usando Chandra X-ray do Observatório da NASA, toparam com esse jato distante de luz, revelando que os primeiros bilhões de anos após o Big Bang podem ter dado lugar a buracos negros mais supermassivos, com jatos mais fortes do que se podia imaginar. Neste ponto de sua vida, o Universo tinha apenas um quinto de sua idade atual, e a radiação residual era muito mais intensa.

O jato descoberto com o Chandra X-ray é iluminado com a luz mais antiga do Universo. Ele fica localizado em um sistema chamado B3 0727 + 409 e tem pelo menos 300.000 anos-luz de comprimento.

Embora os astrônomos não tenham chegado a um consenso para explicar como jatos emitem raios-X, eles dizem que os elétrons do B3 0727 + 409 provavelmente viajam, mais ou menos na velocidade da luz, por centenas de milhares de anos-luz para produzir os jatos de raios-X captados pelo Observatório.

Nos primeiros bilhões de anos após o Big Bang, o Universo foi preenchido com uma maior intensidade de micro-ondas cósmicas de segundo plano (CMB) radioativas do que hoje. Durante esse tempo, os elétrons do jato passariam através da radiação CMB até colidirem com micro-ondas de fótons, aumentando a energia dos comprimentos de onda de raios-X.

“Por estarmos vendo esse jato de luz quando o Universo tinha menos de três bilhões de anos, o jato é cerca de 150 vezes mais brilhante em raios-X do que seria nos arredores do Universo”, disse Aurora Simionescu do Instituto de Espaço e Astronáutica, da JAXA’s Institute of Space and Astronautical Studies (ISAS), que liderou o estudo.

Normalmente, as descobertas deste tipo são feitas por meio de observações de rádio, não de raios-X. Mas desta vez, imagens de raios-X captaram o jato, que revelou quase nenhum sinal de rádio.

“Nós simplesmente topamos com este jato de luz notável quando ele passou pelo campo de visão do Chandra, enquanto observávamos outra coisa”, explica o coautor Lukasz Stawarz da Jagiellonian University na Polônia.

Descobertas como o de B3 0727 + 409 são incomuns, mas Stawarz diz, “se jatos brilhantes de raios-X podem existir com sinais de rádio muito fracos ou não detectáveis, significa que pode haver muitos mais lá fora, uma vez que nós não temos sistematicamente procurado por eles”.

Um jato como esse, proporciona uma nova visão sobre o comportamento dos buracos negros supermassivos nos anos iniciais do Universo, e como essas propriedades podem mudar com o tempo, dizem os pesquisadores.

“A atividade de um buraco negro supermassivo, incluindo o lançamento de jatos de luz, pode ser mais diferente no início do Universo do que o mais tarde em sua existência”, disse o coautor Teddy Cheung do Laboratório de Pesquisa Naval em Washington DC. “Ao encontrar e estudar mais destes jatos de luz distantes, podemos começar a entender como as propriedades dos buracos negros supermassivos podem se alterar ao longo de bilhões de anos.”

Fonte: Daily Mail Foto: Reprodução / NASA

Jornal Ciência