Você sabia? A Estátua da Liberdade iria pertencer ao Egito e representar uma mulher muçulmana

de Merelyn Cerqueira 0

Desde a sua fundação, os Estados Unidos vêm debatendo com afinco a questão da imigração.

Ironicamente, para aqueles que rejeitam a presença de outros povos, especialmente muçulmanos, dentro do país, a Estátua da Liberdade representa exatamente isso.

Lady Liberty é um poderoso símbolo para os imigrantes, e é frequentemente invocada como argumento para explicar que todas as pessoas devem ser recebidas de braços abertos pelos norte-americanos.  

Mais curioso do que é isso é que, conforme apontado por Michael Daly, do The Daily Beast, a estátua em si foi originalmente desenhada para representar uma camponesa egípcia, como um colosso de Rodes para a Idade Industrial.

Tal informação vai contra a já familiar ideia das raízes francesas da estátua. Afinal, Lady Liberty foi projetada por Alexandre-Gustave Eiffel (o mesmo que projetou a Torre de Paris) e entregue de presente aos EUA pela França em celebração ao seu centenário e apoio à Revolução Francesa.

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O designer, Frédéric-Auguste Bartholdi, embora também fosse francês, encontrou inspiração para sua arte no Egito.

Em 1855, ele havia visitado os monumentos Nubian em Abu Simbel, que são túmulos guardados por figuras gigantescas.

O designer ficou fascinado com a arquitetura do lugar, desenvolvendo uma “paixão por monumentos públicos de grande porte e estruturas colossais”, de acordo com o National Park Service. Eventualmente, ele canalizou toda essa paixão em uma proposta de projeto para a inauguração do Canal de Suez.

Ele basicamente imaginou um monumento colossal de uma mulher vestida em um roupão que representaria o Egito. Ela seria colocada em Port Said, uma cidade na ponta norte do canal no Egito. 

De acordo com Barry Moreno, autor de vários livros sobre a estátua, Bartholdi estudou a arte e a aprimorou o conceito de uma figura chamada Libertas, que ficaria no canal.

Sob a forma de uma camponesa simples, a estátua deveria ter 26 metros de altura, enquanto seu pedestal deveria subir por pelo menos 14 metros. Os primeiros protótipos, segundo Moreno, foram chamados de “O Egito carregando a luz para a Ásia”.

Segundo Edward Berenson, autor de “Estátua da Liberdade: Uma História Transatlântica” (“Statue of Liberty: A Translatlantic Story”), o conceito de Bartholdi se transformou de uma “gigantesca camponesa muçulmana” para uma “deusa colossal”.

Contudo, o Egito, que já havia investido muito tempo e dinheiro no projeto, não estava exatamente ansioso sobre a ideia do designer, e logo o rejeitou, alegando que este era muito caro.

Eventualmente, um gigante farol foi instalado em Port Said e a ideia de Bartholdi foi reorientada para “A Liberdade Iluminando o Mundo”, nome oficial para a estátua que é vista no porto de Nova York desde 1886.

Fonte: Smithsonian Fotos: Reprodução / Smithsonian

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