Horizontes de buracos negros podem armazenar informações em seus “cabelos macios”, segundo Stephen Hawking

de Bruno Rizzato 0

O professor e físico Stephen Hawking afirmou que os abismos destrutivos de buracos negros podem conter revestimentos de algo que ele chamou, de forma figurada, “cabelos macios”.

No ano passado, o físico revelou que buracos negros não são as “prisões eternas” que muitos pensavam, tornando possível a reaparição de dados após a saída do abismo. Agora, a teoria do professor de 74 anos, é de que a resposta para isso está nas partículas de energia zero (que ele chamou de “cabelos macios”), localizadas no horizonte do corpo supermassivo.

Os cálculos teóricos eram muito esperados por pesquisadores, e foram, finalmente, publicados com o nome “cabelo macio em buracos negros”, no arXiv. O documento visa aperfeiçoar as regras relativas à forma como a informação pode escapar dos buracos negros, fornecendo ferramentas concretas para lidar com o que é conhecido como o “paradoxo da informação”.

Durante uma conversa com cientistas, em Estocolmo, na Suécia, em agosto do ano passado, Hawking brincou com a teoria ao explicar que os buracos negros poderiam não ser “tão negros assim”. Ele desafiou a suposição de que tudo que é sugado é perdido para sempre. Em particular, o físico teórico afirmou ter descoberto um mecanismo “pelo qual a informação é devolvida para fora do buraco negro”. Sua teoria da informação sugeriu que objetos perdidos em buracos negros poderiam até mesmo ser armazenados em universos alternativos.

Durante sua apresentação, o professor Hawking falou sobre encontrar uma solução para o destino das informações sobre o estado físico das coisas que são engolidas por buracos negros. As leis da mecânica quântica exigem que elas devam ser recuperáveis, mas apresentam um paradoxo para a compreensão atual sobre os corpos. “Este tem sido um problema pendente na física teórica nos últimos 40 anos. Nenhuma resolução satisfatória tem sido desenvolvida”, disse ele.

Segundo o físico, a informação não é armazenada no interior do buraco negro, e sim, em seu limite, ou seja, no horizonte de eventos. “As informações sobre partículas em curso são devolvidas, mas de uma forma caótica e inútil. Para todos os efeitos práticos, a informação é perdida”, teorizou ele. Agora, um artigo científico detalhando sua teoria foi além. Ele afirma que as partículas do horizonte eventos consistem em fótons e grávitons, que são pacotes subatômicos de energia. Estas partículas muito baixas, ou até mesmo nulas de energia quântica depositadas na borda do buraco negro, podem capturar e armazenar informações liberadas pelas partículas que caem no buraco negro.

Simplificando a questão, isso poderia explicar que as partículas armazenam suas informações no “cabelo macio” das partículas quânticas, ao serem lançadas no buraco negro. A comparação usada foi com a maneira pela qual os pelos do nariz seguram a poeira, por exemplo.

Em entrevista à revista Scientific American, o professor Andrew Strominger, um dos coautores e físico teórico da Universidade de Harvard, nos EUA, explicou que quando uma partícula entra no buraco, ela adiciona um fóton macio a ele, acrescentando um “fio de cabelo”. “De modo mais geral, se a partícula entra – e todas transportam massa e são acopladas gravitacionalmente, sempre adicionando um gráviton macio – há um tipo de dispositivo de gravação das informações”, teorizou ele, “dando ao horizonte de eventos uma pixelização holográfica dos objetos”.

No entanto, apesar destes novos cálculos teóricos, um entendimento completo de como exatamente a placa holográfica poderia funcionar ainda pode ser um pouco distante. “Uma descrição completa da placa holográfica e a resolução do paradoxo de informação continuam sendo desafios em aberto, porém, temos apresentado ferramentas novas e concretas para resolvê-los”, concluíram os pesquisadores.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / YouTube ]

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