Stephen Hawking afirma que automação e IA dizimarão empregos da classe média

de Merelyn Cerqueira 0

Em uma coluna para o jornal The Guardian, o notório físico britânico Stephen Hawking escreveu que a inteligência artificial e automação crescente vão dizimar os empregos da classe média, agravando ainda mais o problema de desigualdade econômica e resultando em uma reviravolta política significativa de tendência populista e de direita.

Ele teria feito coro a um crescente número de afirmações de especialistas que estão preocupados com os efeitos da tecnologia sobre a força de trabalho nos próximos anos e décadas, segundo informações da Business Insider. Basicamente, a preocupação do físico é que, enquanto o avanço da IA trará aumentos radicais na eficiência da indústria, para as pessoas comuns, isso será traduzido em desemprego e incerteza, uma vez que a força de trabalho será substituída por máquinas.

Até o momento, a tecnologia já destruiu uma série de empregos tradicionais, o que foi mais significante para a classe mais baixa de trabalhadores. No entanto, o avanço em questão agora pretende causar estragos semelhantes à classe média. Em um relatório publicado em fevereiro deste ano pelo Citibank, feito em parceria com a Universidade de Oxford, especialistas previram que 47% dos empregos nos EUA estão em risco de automação, enquanto que no Reino Unido 35% e na China 77%. Já para todos os países que integram a OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a média é de 57%.

De acordo com Hawking, a automação vai “acelerar a já crescente desigualdade econômica em todo o mundo”. Além disso, a “internet e plataformas possibilitam que pequenos grupos de indivíduos façam enormes lucros empregando pouquíssimas pessoas”, escreveu. “Isso é inevitável, é progresso, mas também é socialmente destrutivo’’.

O físico listou essa ansiedade econômica como razão para aumento da política populista e de direita no Ocidente, alegando que estamos vivendo em um mundo de ampliação e não redução. “A desigualdade financeira, na qual muitas pessoas podem ver seu padrão de vida, também mostra que sua capacidade de o ganhar está desaparecendo”, explicou. “Não é de admirar, então, que elas estejam à procura de um novo acordo, que [Donald] Trump e a Brexit [saída da Inglaterra da União Europeia] podem ter aparecido para representar”.

Tais questões ainda foram combinadas com fatores mais tangíveis, como a superpopulação do planeta, mudanças climáticas e doenças. De acordo com ele, estamos vivendo o “momento mais perigoso no desenvolvimento da humanidade” e devemos nos unir para superar tais desafios.

Essa, no entanto, não é a primeira vez que Hawking expressa sua preocupação a respeito do avanço da inteligência artificial. Em 2014, ele teria dito que o desenvolvimento dela poderia significar o fim da raça humana. “Os seres humanos, que são limitados pela lenta evolução biológica, não poderiam competir [com as máquinas] e inevitavelmente seriam substituídos”.

Business Insider ] [ Fotos: Reprodução / Flickr ]

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