Por que o TikTok, sendo chinês, não existe na China? E por que existe um app similar da mesma empresa?

Enquanto TikTok luta para manter sua presença nos EUA, o app Douyin floresce na China com características próprias. Mas, se o TikTok é chinês, qual o verdadeiro motivo de não existir na própria China?

de Redação Jornal Ciência 0

Enquanto o TikTok enfrenta desafios regulatórios nos Estados Unidos, uma das coisas que mais chama a atenção é o motivo pelo qual uma plataforma tão popular, elaborada com tecnologia chinesa local, não estar disponível na própria China — na verdade, nunca existiu por lá.

Em vez disso, existe o seu equivalente, o app Douyin, que opera em um ambiente diferenciado na China. Ambas as plataformas pertencem à ByteDance, com sede em Pequim, mas operam separadamente devido às diferentes regulamentações e culturas de uso. 

O Douyin, lançado antes do TikTok, rapidamente se tornou popular na China, utilizando um algoritmo similar para atingir o sucesso. Com seus 600 milhões de usuários diários, começou como a principal fonte de receita da ByteDance.

Apesar de parecerem extremamente parecidos, para quem observa de modo superficial, o TikTok e o Douyin possuem aspectos em suas regras completamente diferentes. Enquanto o Douyin tem filtros de beleza automáticos, refletindo as demandas estéticas locais, o TikTok oferece mais controle aos usuários sobre esses recursos. Além disso, o Douyin se destaca no mercado de vendas ao vivo, um segmento robusto na China.

As diferenças se estendem à abordagem de censura. Douyin segue as rigorosas políticas chinesas, restringindo conteúdos politicamente sensíveis, enquanto o TikTok oferece uma plataforma mais aberta, refletindo as normativas ocidentais de liberdade de expressão — ao menos o que diz a teoria.

Douyin: Um Gigante na China

O Douyin adota políticas mais estritas para usuários jovens, limitando o uso diário e o conteúdo acessível. Essas medidas espelham os esforços da China para moderar o uso da internet entre os jovens.

Com 600 milhões de usuários ativos, o Douyin é mais do que um aplicativo de vídeos curtos; é um fenômeno cultural. Surgido em 2016, o Douyin rapidamente se tornou a principal fonte de receita da ByteDance, gerando lucros por meio de gorjetas no aplicativo e transmissões ao vivo.

O Douyin adota políticas rigorosas para jovens usuários, limitando o acesso a conteúdo infantil e o tempo de uso diário.

Isso levanta uma questão muito importante, já que essas medidas refletem os esforços da China para controlar o vício online entre os jovens, em contraste com as medidas mais brandas adotadas pelo TikTok.

As políticas de censura na China impõem ao Douyin um regime rígido. Conteúdos politicamente sensíveis são regularmente reprimidos, e informações, como o Massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, são estritamente controladas.

Restrições Governamentais ao TikTok

O sucesso do TikTok nos Estados Unidos, com mais de 150 milhões de usuários mensais, destaca-se, mas o aplicativo ainda busca convencer os legisladores americanos de que não representa uma ameaça à segurança.

A situação do TikTok nos EUA, conforme mencionado pela Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, permanece complexa, com questões de segurança e privacidade de dados.

Essa dualidade entre TikTok e Douyin ilustra o desafio de operar plataformas globais sob diferentes regimes regulatórios e culturais. Enquanto o TikTok luta para assegurar sua presença nos EUA e provar que não se trata de um tipo de “espião chinês” de dados para abastecer Pequim com informações dos EUA, o Douyin prospera fortemente na China.

Douyin e TikTok

A linha de controle e repressão aos usuários do Douyin é tratada com “mãos de ferro”. Jovens menores de 14 anos só podem acessar conteúdos considerados seguros para crianças e é obrigatório usar o aplicativo por apenas 40 minutos por dia! Não somente isso: eles não podem usar o Douyin das 22h às 6h.

A China implementou medidas para combater o excesso de jogos online e outros comportamentos prejudiciais, incluindo um toque de recolher noturno para jogos online para menores, iniciado em 2019, e restrições de jogo durante a semana.

No fim de semana, jovens com menos de 18 anos só podem jogar por até três horas. O Douyin, na China, reflete essas políticas de proteção aos jovens.

De forma parecida, o TikTok anunciou recentemente limites de uma hora diária de tempo de tela para usuários menores de 18 anos, embora estes possam optar por desativar esta configuração — o que na prática, é o mesmo que nada.

Outros aplicativos chineses

O sucesso do TikTok nos EUA não é um caso isolado, já que outras plataformas chinesas também ganharam popularidade no mercado norte-americano.

Na lista dos 10 aplicativos gratuitos mais baixados na loja da Apple nos EUA, quatro são desenvolvidos com tecnologia chinesa, incluindo o Temu para compras, a Shein, especializada em moda rápida, e o CapCut para edição de vídeo, que também é da ByteDance, como o TikTok.

Com mais de 150 milhões de usuários mensais nos Estados Unidos, o TikTok se destaca, mas enfrenta o desafio de convencer as autoridades americanas de que não é uma ameaça.

Especialistas sugerem que os EUA precisam de regulamentações mais eficazes para as grandes empresas de tecnologia, levando em conta o envolvimento de investidores e usuários americanos em plataformas internacionais — mas a verdade é que ninguém sabe direito como isso seria feito, tornando a situação ainda mais complexa.

Fonte(s): CNN Imagem de Capa: Reprodução / Game Quitters

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