Em 2013, quando conservacionistas trabalhavam na restauração de cabanas de exploração na Antártida, descobriram uma caixa com negativos fotográficos de 100 anos de idade, enterrados em um bloco de gelo.
Elas descreviam os eventos de uma das expedições polares mais azaradas, o Grupo do Mar de Ross. Apesar de estarem congeladas por um século, a equipe foi capaz de restaurar as 22 fotografias, que ofereciam um olhar nunca antes visto da trágica missão, que durou de 1914 até 1917.
De acordo com a equipe, um grupo que trabalhavam com a New Zealand’s Antarctic Heritage Trust (NZAHT), as fotos foram tiradas por membros do Grupo do Mar de Ross, que trabalhavam com o famoso explorador Ernest Shackleton, na missão de atravessar o continente.
Shackleton e sua tripulação tinham o objetivo de conquistar um dos lugares mais inóspitos da Terra. A história do Grupo se iniciou em dezembro de 1914, quando começaram a marcha para completar uma tarefa que nunca antes alguém havia conseguido. O plano era, ter uma equipa na região da Geórgia do Sul, enquanto outro faria uma rota de suporte a partir do lado australiano do continente. Logo, ambos se encontrariam essencialmente no meio, um resultado que não chegou nem perto de acontecer.
Após chegar no continente antártico, em janeiro de 1915, o navio de Shackleton, Endurance, rapidamente foi danificado pelo gelo, permanecendo em um ponto, praticamente à deriva, por longos nove meses. Em setembro, o gelo ficou tão espesso que a embarcação começou a ‘saltar’, movendo-se com a pressão que ficava cada vez mais forte. Eventualmente, o capitão deu ordem a todas para abandonar o navio, em favor de caminharem sobre a grossa camada de gelo.
Após três dias sobre esse gelo, a tripulação observou o navio afundar na água, aumentando a esperança de resgaste. Eles foram capazes de caminhar por apenas 2,4 quilômetros por dia. Em janeiro de 1916, já acampados e esperando que o tempo melhorasse, eles foram atingidos por uma tempestade de neve, e para piorar a situação, o estoque de comida havia acabado. Então, Shackleton ordenou seus homens a matarem todos os 69 cães que tinham, poupando os mais jovens para comê-los mais tarde.
Em abril, a tripulação conseguiu chegar à ilha Elefante, onde usaram três botes salva-vidas que os levaram para as margens da Geórgia do Sul em uma jornada de 36 horas sobre o gelo glacial. Ao todo, a fracassada expedição durou 22 meses. Logo, as fotos são algumas das únicas imagens que oferecem um vislumbre real da missão, sendo consideradas extremamente valiosas para os historiadores.
[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / NZAHT ]