Dispositivo à base de luz solar poderia purificar água para comunidades em desenvolvimento

de Merelyn Cerqueira 0

Tendo em mente que um décimo da população mundial ainda carece de água potável, pesquisadores da Universidade de Nova York desenvolveram um dispositivo que funciona à base de luz solar, capaz de purificar água suja até quatro vezes mais rápido do que as versões atuais.

 

As matérias-primas custam menos de dois dólares por metro quadrado, tornando a invenção acessível, uma vez que a água potável poderá ser gerada por meio de painéis solares no telhado de casa, segundo informações da Science.

dispositivo-agua_02

O método solar já existe há milênios, com a maioria dos navios e veleiros utilizando a luz do Sol para canalizar a água potável. No entanto, a maioria dos poluentes não evaporavam e grande parte da energia solar era desperdiçada pelo lento processo de aquecimento. Mesmo os melhores alambiques, que precisavam ter cerca de seis metros quadrados, conseguiam produzir água suficiente para abastecer uma única pessoa por dia. No entanto, com o passar dos anos, as abordagens foram melhoradas e atualmente, com a ajuda de nanomateriais absorvedores de luz, o método foi aprimorado e se tornou mais caro, para uso em países em desenvolvimento – onde a tecnologia é mais presente.

 

Então, Qiaoqiang Gan, um engenheiro elétrico da Universidade de Nova York, em Buffalo, que já estava desenvolvendo nanomateriais para células de energia solar, percebeu que os custos do material nunca permitiriam que tal tecnologia fosse viável em países em desenvolvimento. Então, começou a pensar em alternativas mais baratas.

 

Assim, com sua equipe desenvolveu um dispositivo com base em três componentes principais. Primeiro, utilizaram um tipo de papel rico em fibras, depois o cobriram com um pó de carbono deixado pela combustão incompleta de óleo. Em seguida, utilizaram espuma de poliestireno, cortada em fatias, para fazer 25 seções conectadas.

 

Como a espuma flutua, atua como uma barreira para evitar que luz solar aqueça água de forma excessiva. Então, pesquisadores colocaram o papel sobre cada uma das 25 seções, dobrando as extremidades para baixo de modo que balançassem sobre a água. Por fim, uma carcaça acrílica foi assentada na parte superior do protótipo.

 

Para seu funcionamento, a água evaporada pelo papel carbono é aprisionada pelo acrílico e canalizada para um recipiente de recolha. Segundo os pesquisadores, o método não só funciona, como também é 88% mais eficiente na canalização da energia solar. Isso permite que um dispositivo de apenas um metro quadrado purifique até um litro de água por hora – cerca de quatro vezes mais rápido do que as versões comercialmente disponíveis.

 

Mais importante que isso: o método é barato. Eles estimam que seja necessário apenas 1,60 dólar por metro quadrado, em comparação aos 200 dólares hoje utilizados para criar versões que usam lentes caras para concentrar os raios solares. A esse preço, uma quantidade mínima de água para uma família de quatro pessoas pode custar cerca de cinco dólares. 

 

Esse custo pode não só ajudar pessoas em países em desenvolvimento como também em regiões afetadas por desastres naturais. “Achamos que esta é uma aplicação imediata”, disse Gan. Os autores do relatório formaram uma empresa, a Suny Clean Water, para comercializar o trabalho, e já está conversando com outros empreendedores em todo o mundo para tornar a tecnologia disponível.

[ Science ] [ Fotos: Reprodução / Science ]

Jornal Ciência