“Folha biônica” capaz de transformar luz solar em fertilizante poderia ajudar a acabar com a fome no mundo, sugerem pesquisadores de Harvard

de Merelyn Cerqueira 0

Um sistema desenvolvido por pesquisadores de Harvard, capaz de imitar a fotossíntese para produzir fertilizantes, poderia ajudar a resolver um dos maiores problemas do mundo: a fome.

De acordo com informações do Daily Mail, os cientistas consideram que o sistema artificial – que é como uma folha biônica –poderia um dia ser utilizado para ajudar a aumentar o rendimento das culturas em países em desenvolvimento e a combater a fome no mundo. 

Os problemas de escassez de alimentos e possível crise alimentar estão acompanhados pelo crescimento e expansão de populações em todo mundo.

Considerando que até 2050 seremos mais de 9 bilhões, e em 2100 até 11,2 bilhões, é de se julgar que a falta de preparação possa ter consequências desastrosas para a Terra.

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Pensando nisso, a equipe de pesquisadores liderada pelo Dr. Daniel Nocera, um importante pesquisador em Bioquímica conhecido por seu trabalho em folhas artificiais, criou um sistema capaz de usar bactérias, luz solar, água e ar para produzir uma maior quantidade de fertilizantes (e no próprio solo onde as culturas estiverem) do que a fotossíntese natural – o que poderia ajudar a estimular a próxima revolução agrícola.

Os legumes que foram alimentados com os fertilizantes produzidos pela folha biônica pesavam 150% a mais do que as culturas produzidas em um grupo de controle. 

O próximo passo da experiência é aumentar a taxa de produção do sistema, para que um dia agricultores na Índia ou na África Subsaariana possam usar a tecnologia para produzir o próprio fertilizante. 

“Países mais pobres do mundo emergente nem sempre têm os recursos necessários para isso [produzir fertilizantes]”, explicou Nocera. “Devemos pensar em um sistema de distribuição para onde é realmente necessário”.

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A equipe apresentou o projeto no último dia 3 de abril, em uma reunião anual da American Chemical Society.

Os cientistas explicaram que o dispositivo imita uma folha natural: divide a água em hidrogênio e oxigênio quando exposto à luz solar. Então introduz as bactérias (Ralstoniae utropha) no processo.

Ela consome hidrogênio e retira o dióxido de carbono no ar para transformá-lo em fertilizante líquido. 

Para garantir que a folha biônica funcionasse como tal, a equipe trocou o catalisador de níquel-molibdênio-zinco do dispositivo anterior – que era venenoso para as bactérias – por uma versão ​​de cobalto e fósforo.

“Os combustíveis foram apenas o primeiro passo”, explicou Nocera. “Chegar a esse ponto mostrou que podemos ter uma plataforma de síntese química renovável”. 

“Agora estamos demonstrando a generalidade dela em outros tipos de bactérias que pegam a partir da atmosfera nitrogênio para fazer fertilizantes”, acrescentou.

Para isso, a equipe projetou um sistema no qual as bactérias (Xanthobacter) se juntam ao hidrogênio retirado da folha artificial com o dióxido de carbono da atmosfera. Isso provoca a formação de um bioplástico que as bactérias armazenam dentro de si mesmas como combustível. A partir desta estrutura, puxam o nitrogênio do ar para produzir amônia.

Considerando o grande aumento populacional estimado, fornecer comida para todos exigirá uma abordagem multifacetada. No entanto, os especialistas concordam que táticas que envolvam o aumento do rendimento de culturas e liberem maior espaço de terra para a agricultura podem ajudar a amenizar o problema.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail 

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