Novo dispositivo é capaz de transformar ar coletado em água potável

de Bruno Rizzato 0

Uma start-up austríaca revelou planos de começar a vender uma garrafa de água de autopreenchimento: ela extrai a umidade do ar e, através da condensação, transforma-a em água potável. A conversão acontece a uma taxa de até 0,5 litros por hora em um dia bastante úmido.

Desenvolvido pela equipe da Fontus, o dispositivo movido à energia solar usa superfícies hidrofóbicas para repelir e canalizar as gotas de condensação na garrafa, garantindo um fornecimento constante de água potável, mesmo em áreas poluídas. “Isto é simplesmente a condensação da umidade contida no ar. Você sempre tem uma certa porcentagem de umidade no ar, não importa onde você esteja. Até mesmo no deserto isso ocorre. Assim, você sempre será potencialmente capaz de extrair a umidade do ar”, disse Retezár Kristof, fundado da Fontus em entrevista ao Live Science.

A garrafa de água – que atualmente está recebendo doações por internet para facilitar a produção em massa (crowdfunding) – está sendo comercializada como uma ajuda para ciclistas que pedalam longas distâncias, que não têm tempo para parar e comprar água. Nas lojas, ela é encontrada com um suporte a ser acoplado nas motocicletas e bicicletas. Esta é a aplicação da tecnologia em países desenvolvidos, mas os benefícios poderiam atingir até 1,2 bilhões de pessoas no mundo, que vivem em áreas onde a água potável é escassa.

“A ideia era resolver um problema global, como a questão da água em áreas de alta umidade do mundo, mas com a água escassa no subterrâneo. Minha intenção era inventar uma máquina ou dispositivo capaz de filtrar a umidade no ar e transformá-la em água potável”, explicou Retezár.

O dispositivo é constituído por um painel solar, uma câmara de condensação alinhada com as superfícies hidrófobas, e um filtro básico para manter a poeira, as partículas de sujeira e as partes desnecessárias fora da mistura. Ele funciona juntando ar quente e úmido, que é condensado em gotas de água canalizadas para a garrafa localizada abaixo, pois as superfícies hidrofóbicas evitam que elas grudem.

Quando chegar ao mercado, a garrafa será vendida em dois modelos: o “Airo” e o “Ryde”, que está sendo feito especificamente para os ciclistas. Retezár e sua equipe dizem que em temperaturas de 30 a 40 graus Celsius e com 80 a 90 por cento de umidade relativa do ar, é possível acumular impressionantes 0,5 litros de água por hora.

A possibilidade de adição de um filtro de carvão, à mistura, está sendo cogitada, pois ele poderia filtrar a água em locais mais poluídos. Segundo um artigo de Eric Mack, no portal Gizmag, a empresa planeja lançar um aplicativo que mostrará a temperatura de referência, as configurações de umidade, o tempo levado, o volume de água criado e testes de validação separados. Tudo isso seria financiado pelo crowdfunding que está em andamento.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Kristof Retezar ]

Jornal Ciência