Apresentadora tem derrame (AVC) ao vivo e pede para as pessoas não ignorarem os sinais; veja vídeo

A jornalista, mesmo após o derrame, permaneceu no ar tentando entender o que estava acontecendo, até não ser mais capaz de ler as notícias no teleprompter

de Redação Jornal Ciência 0

A jornalista Julie Chin, apresentadora de um telejornal da emissora NBC KJRH, localizada em Tulsa, no estado de Oklahoma, EUA, sofreu um Acidente Vascular Cerebral — também chamado popularmente como “derrame” — ao vivo.

A repercussão foi internacional. Julie Chin jamais pensou que seria a protagonista de uma notícia que mudaria sua vida e chamaria a atenção para uma das doenças mais silenciosas e perigosas: o AVC.

Durante entrevista à emissora, a jornalista contou que não havia nenhum sintoma antes de começar o problema, até que parte de sua visão ficou borrada, repentinamente, o que a deixou desorientada. Ela se arrepende de não ter saído do ar imediatamente para buscar ajuda.

“Eu achei que a minha lente de contato não estava no meu olho. Durante os comerciais, eu arrumei a lente de contato, mas ainda continuou estranho. Pensei que conseguiria”, disse.

Logo após, percebeu que o braço e a mão ficaram dormentes. Ela tentou mandar uma mensagem para seu marido, para pedir ajuda, mas não foi capaz de escrever e as palavras saíram sem sentido.

Julie aguentou até o último segundo, quando percebeu que não era mais capaz de ler nada na câmera (teleprompter) e disse ao vivo que não estava se sentindo bem e chamou a colega para mostrar a previsão do tempo.

A ambulância foi chamada e, no hospital, foi constatado um pequeno derrame. Os médicos não sabem dizer se ocorrerá novamente (embora a possibilidade exista) ou qual foi a causa do problema.

Julie Chin envia uma mensagem para as pessoas que deixam a saúde sempre para depois: “Se você precisa de ajuda, então peça. Eu deveria ter feito isso mais cedo”, disse. Veja abaixo o momento em que ela teve o derrame ao vivo:

Os dados oficiais

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são 6 milhões de pessoas que morrem anualmente, em todo o mundo, vítimas de AVC, sendo a segundo maior causa de morte, ficando atrás apenas do infarto.

No Brasil, o AVC é a segunda causa de morte ou incapacidade. São 11 mortes por hora no país; números alarmantes, de acordo com dados da Federação Brasileira de Hospitais.

A ocorrência de um AVC reflete diretamente na economia do país, já que a maioria dos pacientes não retorna aos postos de trabalho e mais de 50% ficam dependentes da ajuda de outras pessoas para coisas simples do cotidiano, como higiene e alimentação.

Por que é tão incapacitante? Como ocorre?

Foto: Reprodução / Infoescola / Artemida-psy / Shutterstock.com

Estima-se que no momento da ocorrência do AVC, mais de 120 milhões de células cerebrais morrem por hora, o que gera um impacto gigantesco na saúde geral do paciente, podendo acarretar problemas graves, agudos ou permanentes nas partes do corpo que são controladas por essas áreas no cérebro.

Segundo a Rede Brasil AVC — ONG não governamental criada em 2018 para melhorar a assistência ao paciente com AVC em todo o país — o AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea.

A médica neurologista presidente da Rede Brasil AVC e da World Stroke Organization (Organização Mundial do AVC), Sheila Cristina Ouriques Martins, explica os tipos existentes de AVC.

“Existe o AVC isquêmico, que ocorre quando um coágulo bloqueia o fluxo sanguíneo no cérebro e que pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). Já o AVC hemorrágico é quando acontece um rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia”, explica, em entrevista à Rede Brasil AVC.

O AVC pode deixar sequelas, como a paralisação de um lado do corpo, prejudicar a fala ou afetar a visão. Essas consequências serão temporárias ou permanentes dependendo da recuperação.

“Quanto mais rápido a isquemia for eliminada, maior a chance de não ter sequela”, ressalta Dra. Sheila.

Principais sintomas

As pessoas devem estar atentas aos sinais do AVC para a busca imediata de atendimento.

Os principais são perda de força súbita e/ou dormência súbita de um braço e/ou perna e/ou face, especialmente em metade do corpo; dificuldade de falar ou entender a fala; tontura; alterações visuais súbitas em um olho, nos dois olhos ou na metade de cada olho; dor de cabeça súbita e intensa, diferente do habitual.

“Ao suspeitar que uma pessoa esteja tendo um AVC, peça para ela sorrir e veja se um lado do rosto não mexe. Verifique também se a pessoa consegue elevar os dois braços como se fosse abraçar ou se um membro não se move) e se apresenta fala enrolada. Identificando alguma ou mais de uma dessas situações, ligue imediatamente para o Samu, no 192”, alerta a presidente da Rede Brasil AVC.

Fonte(s): Hospital Brasília / Federação Brasileira de Hospitais / Rede Brasil AVC / Exame Imagens: Reprodução / Redes Sociais e Artemida-psy / Shutterstock.com

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