A masturbação pode ter mais prós do que contras para a saúde masculina: entenda!

de Merelyn Cerqueira 0

Além de ajudar nas descobertas sexuais de cada um, a masturbação, sem dúvida, pode vir acompanhada de inúmeros benefícios, que incluem a redução da probabilidade de se pegar um resfriado até mesmo um menor risco de câncer de próstata, de acordo com informações da Medical Daily. Mas será que há benefícios em se abster?

Um grupo online dedicado ao assunto, chamado de NoFap, afirma que se abster de pornografia e masturbação por um certo período de tempo pode levar a “aumentos dramáticos da confiança social, níveis de energia, de concentração, acuidade mental, motivação, autoestima, estabilidade emocional, felicidade, potência sexual e atração pelo sexo oposto”. Fundado por Alexander Rhodes, o grupo foi criado após usuários do Reddit discutirem sobre um estudo de 2003, que falava que após se absterem da masturbação por sete dias, os homens experimentavam um aumento de até 45,7% nos níveis de testosterona.

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Os níveis de testosterona não aumentam

A verdade é que os níveis do mais importante hormônio masculino sequer são afetados pela abstinência. O estudo de 2003 mediu diariamente esses níveis durante 16 dias, e encontrou poucas mudanças até o dia 7, quando o pico ocorreu. No entanto, após esse dia, o hormônio voltou aos seus níveis basais, ligeiramente inferiores ao dos dias 8 ao 16, quando o experimento terminou.

Em outro estudo, realizado em 2001, em que participantes foram colocados em uma abstinência de três semanas, também foi relatado aumento na testosterona. “Embora a testosterona plasmática não tenha sido alterada pelo orgasmo, maiores concentrações de testosterona foram observadas após o período de abstinência”, escreveram os pesquisadores em relação às diferenças do hormônio.

Ainda, foi reportando que enquanto assistiam a filmes eróticos e se masturbavam, os níveis de testosterona nos participantes caíram em relação ao período anterior à abstinência. Após 21 dias sem ejacular, os níveis do hormônio permaneceram próximos à linha de base referente aos 10 minutos da masturbação. Portanto, conclui-se que os níveis não diminuíram tanto durante o evento do filme.

Aumento de produtividade?

Em 2015, o jornalista da Vice, Ed Smith, escreveu um artigo sobre sua experiência de ficar aproximadamente 21 dias seguidos sem se masturbar. Ele revelou que os benefícios incluíam aumento do amor próprio, maior produtividade, falta de desejo por açúcar ou álcool e que até mesmo as músicas soavam melhor.

“Eu escrevi 20 artigos, montei uma cama, comecei a trabalhar em um livro e passei a comer salada como qualquer outro adulto normal com medo de uma iminente doença cardíaca”. No entanto, o caso de Smith, de acordo com a psicofisiologista sexual e neurocientista, Dr.ª Nicole Prause, em entrevista ao Medical Daily, pode ser atribuído a um efeito placebo. “Eles geralmente representam cerca de 30% das respostas e por isso é provável que algumas pessoas façam atribuições que não estão verdadeiramente conectadas a algo”.

Ela reforçou ainda que não há evidências de que a abstinência altere a produtividade, energia ou habilidade cognitiva. “De fato, o inverso é mais provável, de que o orgasmo possa reduzir temporariamente os pensamentos associados ao sexo, o que poderia melhorar a atividade cognitiva”. Um estudo realizado em 2013 mostrou que orgasmos regulares podem incitar a neurogênese (nascimento de novas células cerebrais) no hipocampo, melhorando também a função cognitiva. Outro estudo descobriu que a atividade sexual pode aumentar a região do hipocampo no cérebro.

Ainda, em seu artigo, Smith observou ter sentido uma certa “limpeza”, em não se masturbar. No entanto, de acordo com a ginecologista e obstetra, Kyrin Dunston, de Atlanta, EUA, este sentimento não é necessariamente relacionado à falta de masturbação. Algumas pessoas podem se sentir mais livres, ou com melhor senso de si mesmas por outros motivos. Logo, “se uma pessoa acredita que a masturbação é tabu, provavelmente não irá apreciá-la, uma vez que considera estar fazendo algo ruim”, explicou Dunston. “Tudo está em sua crença e percepção sobre o assunto”.

A masturbação pode afetar o desejo sexual?

Enquanto há um ciclo do sono, segundo o qual uma quantidade específica de horas pode satisfazer as necessidades do corpo e nos manter saudáveis, também existe um ciclo sexual. Ele envolve uma quantidade de atividade sexual considerada satisfatória durante um período de tempo. Logo, uma pessoa que evita se masturbar, certamente sentirá mais prazer ao fazer sexo. Isso pode refletir o período que o esperma leva para se recuperar.

Em suma, a testosterona não é necessariamente “saudável” ou “prejudicial”. A verdade mesmo é que todos nós devemos nos familiarizar com nossos corpos para entender mais como realmente funcionamos.

[ Medical Daily ] [ Fotos: Reprodução / Jornal Ciência ] 

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