Conheça esta criatura marinha bizarra e saiba como ela se desenvolve

de Julia Moretto 0

Você pode até pensar que isso é um tomate podre, mas na verdade, esse ser bizarro é um Pyura chilensis, criatura do mar encontrada na costa rochosa do Chile e do Peru.

Pertencendo a uma classe de alimentadores do filtro de invertebrados marinhos chamada Ascidiacea, ele acumula o elemento vanádio facilmente. A sua concentração pode ser de 10 milhões de vezes maior nessa criatura do que na água do mar.

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P. chilensis é um tipo de tunicado, criaturas do mar cujos exteriores grossos ou “túnicas” possuem um material resistente de celulose, responsável pela sua superfície dura, onde eles permanecem por toda a vida. O interior da túnica contém epiderme e fibras musculares. Eles respiram através dela usando dois sifões que ligam o corpo interno ao mar em torno dele. Um desses sifões é usado para exalar e o outro para inalação.

A alimentação é feita pela inalação da água através de um sifão, filtrando qualquer microalga comestível, e liberando a água processada pelo outro. Esse processo também permite acumular quantidades incríveis de vanádio, um metal branco e brilhante. As ascídias são os únicos organismos no reino animal a acumular altos níveis de vanádio em seu plasma sanguíneo.

P. chilensis são encontrados em colônias e se reproduzem facilmente, porém morrem por conta própria. A espécie é hermafrodita, o que significa que tem as gônadas de macho e de fêmea – e esses órgãos podem liberar ovos e espermatozoides na água simultaneamente. As células se encontrarão em uma nuvem fértil e, se as colisões de esperma e ovo forem bem-sucedidas, produzirão minúsculos girinos.

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Em um restaurante no Chile

Em 2005, os biólogos Patricio H. Manríquez, da Universidad Austral de Chile, e Juan Carlos Castilla, da Pontificia Universidad Católica de Chile, detalharam esse comportamento assexual, pela primeira vez, chamando-o de “autofecundação”. Eles analisaram 30 espécimes sexualmente maduros em laboratório como indivíduos isolados e emparelhados para avaliar o sucesso de fertilização e sobrevivência da prole. Primeiro, os indivíduos isolados foram colocados em garrafas de plástico e deixados sozinhos por 90 dias.

Em seguida, os pesquisadores combinaram pares da mesma população, ou de duas populações diferentes, para ver como eles se reproduziriam, em comparação com os outros. Um terceiro experimento manteve alguns animais em isolamento durante um a 16 meses, para ver se o tempo estendido melhoraria o sucesso de autofecundação.

Finalmente, os pesquisadores conduziram a “fertilização manipulada” – removendo ovos dos espécimes e os fertilizando com esperma extraído em placas de Petri. Eles descobriram que o P. chilensis nasce do sexo masculino, estando ambas as gônadas – masculinas e femininas – na adolescência.

Um número maior de óvulos fertilizados resultou em espécimes pareadas, o que sugere que a fertilização cruzada predomina porque é mais eficaz. “Não foram encontradas diferenças perceptíveis na fertilização, desenvolvimento e metamorfose, comparando a autofecundação com a fecundação de diferentes indivíduos“, relatam os pesquisadores.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

Jornal Ciência