Embora aqui no JC você já tenha lido sobre casos de zoológicos humanos que existiram na Europa, EUA e Austrália, ainda é difícil acreditar que um dia, pessoas de fato foram exibidas como animais.
Esta forma absurda de entretenimento foi bem explorada durante o século XX. Sob o título “Exposições de Povos”, aldeias negras inteiras eram transformadas em zoológicos ou obrigadas a migrar para pavilhões dentro das grandes cidades para que pudessem servir de entretenimento para os brancos.
Este tipo de abuso na, maioria das vezes, deixava marcas psicológicas nas vítimas, como foi o caso de Ota Benga, um congolês que tirou a própria vida após ser libertado de um zoológico no Bronxs (EUA).
No entanto, o problema dos zoológicos humanos não começou no século passado. Na verdade, no século XVI já havia relatos deste tipo de exposição, e todas elas associadas à Moctezuma, um imperador asteco que governou Tenochtitlán entre os anos de 1502 e 1520.
Em 1519, quando os conquistadores espanhóis chegaram à cidade de Tenochtitlan, ficaram espantados como entre os grandes palácios e jardins de Moctezuma II, também havia uma área que abrigava uma extensa coleção de animais.
As construções eram conhecidas como “Casa das Feras” ou “Casa dos Animais” e estavam localizadas no palácio, a sudoeste da zona cerimonial. De acordo com a descrição dos espanhóis, os cativeiros eram feitos de madeira e pedra e cercados por uma floresta de pinheiros.
O zoológico de Moctezuma incluía 20 lagoas e aquários, 10 dos quais eram para peixes de água doce e os outros para peixes de água salgada e numerosas aves aquáticas; coberturas com barras de madeira para abrigar aves de rapina e outras para aves menores como araras, papagaios, quetzais, etc.; e uma casa de répteis que guardavam crocodilos e um grande número de cobras.
Um dos setores do zoológico, que correspondia às “bestas”, guardava em suas muitas gaiolas grandes mamíferos carnívoros, como onças, pumas, lobos, ursos, bisontes e etc. Dizia-se que, em muitas ocasiões, esses animais eram alimentados com restos de humanos usados em sacrifícios.
Para atender a gigante instalação, mais de 600 pessoas trabalharam no complexo. Em uma área adjacente, pequenos animais eram criados apenas para servir de alimento para os espécimes do zoológico.
Contudo, o zoológico de Moctezuma tinha uma particularidade. Ele também incluía uma seção onde os humanos considerados “estranhos” eram exibidos aos astecas. Esta definição incluía pessoas com albinismo, nanismo, com deformidades e anomalias genéticas.
Para muitos historiadores, a finalidade que tinha o zoológico ainda não é inteiramente clara. Acredita-se que ele era usado como diversão para o rei e sua família, ou como um grande viveiro onde se criavam animais destinados ao abate.
O zoológico de Moctezuma foi queimado e completamente destruído em 13 de agosto de 1521, quando a cidade de Tenochtitlan foi invadida pelo conquistador espanhol Hernán Cortés e suas tropas.
Fonte: Super Curioso Fotos: Reprodução / Super Curioso