“Um parasita estava comendo o meu olho”, disse britânica usuária de lentes de contato

de Rafael Fernandes 0

Uma jovem de 19 anos, chamada Jessica Greaney, nem desconfiava que havia um parasita morando em sua córnea quando decidiu ir ao médico por causa do incômodo nos olhos.

A garota disse que seu olho fechava sozinho toda hora e o médico apontou, no primeiro diagnóstico, uma úlcera. Porém, o tratamento para úlcera não deu certo e depois de uma semana, após novos exames, os médicos identificaram que ela estava, na realidade, com ceratite – uma doença causada por um protozoário parasita de nome Acanthamoeba keratitis.

No Brasil, os primeiros casos foram datados de 1988. E na Grã-Bretanha, 1 em cada 50 mil portadores de lentes são infectados a cada ano. A ceratite é uma doença nova e recentemente descoberta, que acomete pessoas que utilizam lentes de contato, e o tratamento da doença é intensivo.

Jessica conta que precisava pingar colírio a cada 30 minutos, ficando, assim, sem dormir por noites. Durante o tratamento, ela só enxergava as cores, sem definir formas com o olho infectado, o que a preocupava de nunca mais voltar a enxergar.

“Houve um momento em que eu perguntei para o doutor se eu teria chances de melhorar um dia, mas foi realmente difícil para eles dizerem. Explicaram que era uma infecção crônica rara. Eu lembro de olhar por aquele olho e não ver nada, estava tudo embaçado”, descreve.

É recomendado sempre que for tomar banho e nadar, retirar a lente dos olhos. Pois o parasita atinge as pessoas que utilizam lentes justamente por viver na água. Quando você passa a lente na água e depois a coloca no olho, o parasita é carregado junto e se instala por ali. Logo ele começará a causar incômodo.

A boa notícia é que o tratamento dá certo e Jessica já enxerga bem e não sente mais dores, apesar de permanecer pingando o colírio ao longo do dia.

Lentes de contato podem ser uma opção comum e muitas vezes estética àqueles que possuem problemas de visão. Mas é preciso tomar bastante cuidado, porque elas podem ser transmissoras de doenças. Bactérias, fungos e outros micro-organismos podem aderir às lentes causando dor, irritação e até infecções graves, como a ceratite. Para evitar problemas, médicos aconselham alguns cuidados básicos. Não dormir de lentes, por exemplo, já que elas não foram fabricadas para isso, além do uso prolongado poder maltratar a córnea.

Jessica continua: “Passo colírio 20 vezes ao dia agora. Parece muito, mas é bem menos do que eu precisava passar antes. É complicado, mas vale a pena no fim, porque eu prefiro passar quatro noites sem conseguir dormir do que não enxergar pelo resto da minha vida.”

[ Discover Magazine ] [ Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal ]

Jornal Ciência