Turista holandesa no Qatar denuncia estupro e é presa e multada por adultério

de Merelyn Cerqueira 0

Uma jovem holandesa de 22 anos, identificada apenas coma Laura, estava de férias em Doha, no Qatar, com um amigo, e contou em depoimento à polícia, que ao sair para beber acabou sendo drogada e estuprada. Entretanto, após o registro da ocorrência, ela foi detida, levada ao tribunal e condenada a um ano de prisão por adultério.

 

Foi-lhe informado que poderia ser deportada do país se pagasse uma multa de 600 libras (aproximadamente R$ 2.290). O homem que a violentou, no entanto, foi condenado a 100 chibatadas por adultério e a mais 40 por consumo de álcool. O caso obviamente ganhou repercussão nas redes sociais, e uma campanha lançada no Twitter, através da hashtag #FreeLaura, pedia sua libertação. A embaixadora holandesa no Qatar, Yvette Burghgraef-van Eechoud, disse em entrevista que “fará de tudo para tirá-la do país o mais rápido possível”, e espera que isso aconteça dentro dos próximos dias.

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Laura de Bije. REPRODUÇÃO

O advogado de Laura, Brian Lokollo, disse que a jovem estava dançando quando voltou para sua mesa, deu um gole em sua bebida, e logo percebeu que estava adulterada, pois notou um mal-estar. “Ela não se lembra de mais nada até a manhã seguinte, quando acordou em um quarto completamente desconhecido e, para seu horror, notou que havia sido estuprada”, disse.

 

O homem insistiu que eles tiveram relações sexuais consensuais, e ainda contou que a mulher havia lhe cobrado dinheiro por isso. Laura foi presa logo após relatar o ataque, acusada de adultério por ter feito sexo fora do casamento. Sua família e empregadores, a princípio decidiram manter o caso em sigilo, tentando resolvê-lo localmente, mas com as complicações, decidiriam ir a público.

 

O caso, que ocorreu em março de 2016, levanta preocupações quanto às diferenças entre as legislações ocidentais e as locais, baseadas em conceitos islâmicos. O país foi escolhido para sediar um dos eventos mais importantes do futebol: a Copa do Mundo da FIFA, que será realizada em 2022, e atrairá um grande número de turistas.

 

Conforme relatado pelo Mail Online, no país, o álcool está disponível em hotéis de alto padrão, e lojas de conveniência em aeroportos internacionais. Contudo, os moradores devem ter permissão de seus empregadores para comprar bebidas, que são administradas pelo governo.

 

O adultério, no entanto, é considerado ilegal. Casos semelhantes já ocorreram em outras partes do Golfo. Em 2008, uma australiana afirmou ter ficado detida por 8 meses após denunciar um estupro em um dos hotéis dos Emirados Árabes Unidos. Em 2013, uma norueguesa que relatou ter sido estuprada em Dubai recebeu uma sentença de 16 meses de prisão por ter feito sexo fora do casamento, embora ela tenha sido perdoada e autorizada a sair do país.

[ Daily Mail / El País ] [ Foto: Reprodução / El País / Wikipédia ]

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