Sua vagina está saudável? Veja o que é normal sobre a saúde do órgão íntimo feminino

de Julia Moretto 0

Há muitas maneiras de descrever o fluido natural que sai da vagina. Ele varia em consistência, textura, cheiro, gosto e volume. Durante a puberdade, vários hormônios agem em conjunto na vagina, útero, trompas, ovários e os genitais externos. Os hormônios estrogênio e progesterona são os que mais contribuem para o desenvolvimento do órgão sexual. 

A vagina é um tubo muscular elástico que se estende desde o colo do útero para a sua abertura entre a uretra e o ânus. O que se encontra dentro das paredes vaginais inspirou o folclore ao longo dos séculos: serpentes ou dragões devoradores de pênis. Isso serviu essencialmente para demonizar a sexualidade das mulheres.

O revestimento interno da vagina é constituído por um tipo de célula da pele que não contém queratina. Queratina é a proteína encontrada nas células que ajuda a formar uma barreira protetora. 

O revestimento vaginal é, portanto, muito mais suave. É irrigado por uma rede de vasos sanguíneos que chega na região. O colo do útero se projeta para a parte superior da vagina, onde há células altamente sensíveis a hormônios e produzem muco.

Durante a ovulação, o muco cervical tem uma consistência de clara de ovo. Em outros momentos do ciclo menstrual, tende a ser espesso e opaco.

As vaginas adultas contêm uma série de glândulas ativas – que fazem suor ou óleos. Elas também contêm lactobacilos, que são bactérias que vivem na vagina saudável e mantêm o pH ácido, protegendo a região de possíveis infecções.

O corrimento vaginal é um rico coquetel destes componentes: transudato, muco, suor, óleos, lactobacilos, fluxo menstrual e células do revestimento vaginal. Dos primeiros ciclos de uma mulher até a menopausa, os hormônios menstruais causam corrimento vaginal. 

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Imagem da mucosa vaginal.

Em média, a vagina faz de um a quatro mililitros de fluido por dia. Isso aumenta com maiores níveis de estrogênio, como durante a gravidez e a ovulação. Excitação sexual leva a súbitas explosões de fluido, devido ao aumento do fluxo sanguíneo na pélvis. Já a diminuição dramática nos níveis de estrogênio após a menopausa leva a mudanças no revestimento celular da vagina, redução no número de lactobacilos e uma vagina muito mais seca.

Quando o corrimento vaginal é um problema?

Para algumas mulheres, quantidades excessivas dessa substância podem causar desconforto. Algumas mulheres têm Ectopia Cervical, o que pode aumentar a secreção. 

A modificação do pH da vagina pode provocar o crescimento excessivo de organismos, como cândida, um fungo que em excesso é conhecido como “sapinho” (quando se manifesta na boca) ou candidíase (quando ocorre nos órgãos sexuais). 

A vaginose bacteriana é outra condição de crescimento excessivo das bactérias, que pode não causar corrimento adicional perceptível. Infecções sexualmente transmissíveis normalmente são as causas do corrimento vaginal. As mais comuns são clamídia, gonorreia ou tricomoníase. Doenças da pele da vulva e da vagina também podem afetar o corrimento vaginal.

Irritação causada por perfumes, desodorantes, sabonetes e excesso de limpeza podem levar à dermatite crônica, além disso, espermicidas também podem irritar a mucosa vaginal ou alterar o equilíbrio. Algumas mulheres também têm alergia ao látex ou outros produtos de uso corriqueiro. Em todos estes problemas relacionados com a pele, os sintomas principais são dor, vermelhidão ou inchaço.

Absorventes internos deixados acidentalmente no interior da vagina por dias, muitas vezes causam corrimento com mau cheiro. Se você está preocupada com isso, visite o seu médico! 

O médico poderá perguntar sobre:

  • Histórico menstrual e de gestações

  • Uso de anticoncepcionais e hormônios 

  • Histórico sexual

  • Histórico médico, incluindo doenças de pele e uso de produtos tópicos na pele genital

  • A presença de outros sintomas

  • Utilização de absorventes internos ou outros objetos inseridos na vagina

Examinar corrimento vaginal sob o microscópio ajuda a identificar ou descartar infecções. Já exames específicos identificam as DSTs.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Simple Organic Life / Wikimedia 

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