Câncer ainda vai matar 5,5 milhões de mulheres por ano até 2030, sugere relatório

de Merelyn Cerqueira 0

Um relatório divulgado pela American Cancer Society (ACS) afirmou que a taxa de mortalidade anual em mulheres vítimas de câncer será “igual à população da Dinamarca”, com estimadas 5,5 milhões de mortes até 2030.

Considerou ainda que, nos próximos 14 anos, o número de vítimas subirá para 60%, sendo que a maior parte das mortes resultarão de casos evitáveis. Segundo informações do jornal Daily Mail, atualmente, o câncer já é responsável pela morte de uma a cada sete mulheres em todo o mundo, sendo a segunda maior causa após as doenças cardiovasculares.

Os quatro tipos de cânceres mortais considerados pelo relatório foram: mama, colorretal, pulmão e cervical – que em sua maioria são evitáveis ou tratáveis quando diagnosticados precocemente. À medida que a população cresce e envelhece, cada vez mais casos serão relatos em países pobres e de renda média, com ocorrência maior em jovens adultas e mulheres de meia-idade, de acordo com Sally Cowal, vice-presidente de saúde global da ACS, que compilou o relatório com a empresa farmacêutica Merck.

O estudo ainda destaca que a grande desigualdade geográfica complicará a disponibilidade de recursos, medidas preventivas e tratamentos para combater a crescente ameaça. Nos países mais pobres, uma proporção muito menor de casos de câncer pode de fato ser diagnosticada, resultando em um grande número de óbitos. Uma vez que os sistemas básicos de saúde são precários nestas regiões, considera-se que os números de mortes aumentarão ainda mais.

As mulheres nestes países ainda estão expostas a um fator de risco associado a “rápida transição econômica”, de acordo com Cowal. “Como a inatividade física, dieta insalubre, obesidade e fatores reprodutivos [adiar a maternidade]”. Devido a essas mudanças, os cânceres que antes eram mais comuns em países de alta renda se tornarão mais prevalentes”, disse o relatório intitulado como “O fardo global do câncer nas mulheres”, apresentado na terça-feira (31 de outubro) no Congresso Mundial do Câncer, realizado em Paris.

Ainda, de acordo com dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, apenas no ano de 2012, houve 6,7 milhões de novos casos e 3,5 milhões de mortes entre mulheres em todo mundo. Destes, 56% dos casos e 64% dos óbitos ocorreram em países menos desenvolvidos. O relatório sugeriu que estes números devem aumentar para 9,9 milhões de casos e 5,5 milhões de mortes anuais até 2030, como resultado do crescimento e envelhecimento da população.

Diferenças regionais

A maior concentração de casos foi registrada no leste da Ásia, com 1,7 milhão de mulheres diagnosticadas e um milhão de mortes contabilizadas em 2012, especialmente na China. O relatório sugeriu também que a maior proporção de casos por grupo populacional foi relatada em países de alta renda dentro da Europa, América e Ásia. No entanto, isso só ocorreu, em partes, graças ao melhor diagnóstico e detecção da doença.

Por outro lado, as mortes mais proporcionalmente elevadas foram registradas em países mais pobres, como Zimbábue, Malauí, Quênia, Mongólia e Papua Nova Guiné, onde a renda é menor e o acesso a diagnóstico e tratamentos é mais difícil. Os dois tipos de cânceres mais comuns entre países pobres e riscos são de mama e pulmão, seguido pelo colorretal (em países desenvolvidos) e cervical (menos desenvolvidos).

O câncer de mama é o mais comumente diagnosticado entre as mulheres em 140 países do mundo e o câncer cervical é o mais comum em 39 países, todos eles em países de baixa e média renda”, disse o relatório, acrescentando que o fardo econômico global para tratar casos de câncer em ambos os sexos foi de cerca de 286 bilhões de dólares em 2009 – o que inclui custos de tratamentos e perda de produtividade em força de trabalho.
[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Flickr ]

Jornal Ciência