Sua casa pode deixar você doente; entenda e veja como evitar

de Merelyn Cerqueira 0

Você já ouviu falar em síndrome do edifício doente? Os sintomas incluem falta de concentração, náuseas, dor de cabeça, cansaço constante, tonturas, problemas de pele, irritação nos olhos, nariz e garganta. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que ao menos 20% dos ocupantes de um prédio tendem a ter esses sintomas resolvidos quando saem de casa. Com informações da Folha de S. Paulo.

A síndrome é maiormente reconhecida em prédios corporativos, onde a falta de ventilação natural e sistema de refrigeração central – que nem sempre é limpo – são mais comuns. No entanto, ela também pode ser detectada em casas e prédios residenciais, geralmente causada por problemas de ventilação e iluminação.

Doenças respiratórias como a asma e a rinite podem ser causadas ou agravadas pelas condições de uma residência. O problema nasce pelo erro de projetos de construção, bem como pela escolha inadequada de materiais, mobiliário e falta de manutenções regulares.

Os fatores que mais influenciam a síndrome são os químicos: compostos voláteis como o formaldeído e benzeno; produtos tóxicos e cancerígenos; bem como coisas mais simples, como colas, tintas, materiais sintéticos para revestimento, mobiliário e produtos de limpeza.

Já os biológicos contam com a ação de bactérias, vírus, fungos e ácaros. Os físicos são a luminosidade, ventilação, acústica, umidade, conforto térmico, ergonomia e campos eletromagnéticos (de equipamentos eletrônicos). 

Para exemplificar e ilustrar o problema, a Folha expôs o caso do matemático Guilherme Zuccolotto, de 28 anos, morador da zona sul de São Paulo. Ele percebeu a relação de sua rinite alérgica com o apartamento onde mora há 15 anos, quando voltou de um intercâmbio de um ano nos EUA.

“No ano em que fiquei fora, minhas crises melhoraram muito”, contou. O motivo, segundo ele, era o mofo que crescia em uma das paredes de seu quarto, causado pelo layout do prédio, que permite que o vapor do banheiro fique preso no apartamento.

Embora tenha tentado resolver o problema lixando a parede e reformando-a, o mofo sempre acaba voltando. Conforme advertido pelo pneumologista José Eduardo Cançado, professor da faculdade de medicina da Santa Casa de São Paulo, o mofo precisa ser resolvido. “A exposição prolongada ao fungo pode gerar até quadros pulmonares graves em pessoas de qualquer faixa etária”, alertou ele.

Contudo, o problema só pode ser resolvido pela solução de sua causa adjacente, que é a umidade. Esta, por sua vez, pode ser resultado de vazamentos, infiltrações ou ventilação inadequada. 

Conforme explicado pelo engenheiro e especialista em qualidade de ar interno, Leonardo Cozac, para casos de falta de ventilação, o ideal é a instalação de um exaustor ou desumidificador de ambientes. Já para remover o bolor das paredes, ele aconselha que só o cloro não é suficiente.

“É preciso removê-lo com um pano úmido e aspirador de pó, tomando cuidado para não levar a contaminação para outros espaços”, advertiu.

Agora, se o problema persistir, é possível que o mofo tenha ido para dentro da parede, caso que, será necessário abri-la para verificar a extensão da contaminação. O especialista ainda afirmou que o ar-condicionado é outro item que deve receber manutenção regular a cada seis meses, uma vez pode que ajudar a propagar vírus, bactérias e fungos.

Já o biólogo Allan Lopes, especialista em biologia da construção (que estuda o impacto das edificações na saúde humana), defende que as janelas das casas devem estar sempre abertas – até mesmo em cidades poluídas. “Com a casa sempre fechada, o ar interno pode ficar mais poluído do que o externo”, afirmou.

“Evite ventilar a casa em horários de pico do trânsito”, concordou com ressalvas o professor Cançado.

Fonte: Folha de S. Paulo Foto: Reprodução / Jornal Ciência

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