Possibilidade de tratamento para paralisia: método ajuda na reparação de fibras nervosas

de Merelyn Cerqueira 0

Em experiências realizadas em ratos, cientistas descobriam como fazer as fibras nervosas se repararem. Eles identificaram um gene, chamado Cacna2d2, que inibe o crescimento de novas, quando as conexões nervosas se tornam danificadas, atuando como uma espécie de “freio molecular”.

Agora que os cientistas sabem como modificá-lo, poderão fornecer informações para novos tratamentos de doenças como a Paralisia e da medula espinhal, segundo a Science Alert.

A equipe, do Centro Alemão de Doenças Regenerativas (DZNE), iniciou a pesquisa a partir da hipótese de que o freio molecular poderia ocorrer naturalmente – como quando nos tornamos adultos – com corpos completamente formados – e os neurônios param de crescer. Porém, encontrar um mecanismo deste tipo, de acordo com o pesquisador Frank Bradke, “era como encontrar uma agulha no palheiro”.

Assim, a partir de uma abordagem chamada de Bioinformática, em que computadores são usados para análise e interpretação biológica, a equipe conseguiu encontrar um candidato promissor ao gene que estava procurando.

Conhecido como Cacna2d2, ele desempenha um papel importante na função da sinapse, fazendo a ponte final entre as células nervosas, de acordo com Bradke. Ainda, o gene atua como modelo para uma proteína específica que regula o fluxo de partículas ricas em cálcio dentro de células. Os níveis de cálcio, por outro lado, afetam a liberação de neurotransmissores que agem como mensageiros e viajam através das sinapses. No entanto, o mesmo mecanismo parece inibir as pontes de ligações entre neurônios – os chamados axônios – de crescer.

Assim, para testar se o gene estava agindo como tal, os cientistas administraram um medicamento chamado pregabalina (PGB) em ratos com lesões na medula espinhal. A droga é conhecida por ter efeitos nas ligações de cálcio, e, muitas das vezes, consegue aliviar a dor dos nervos danificados e ajudar em tratamentos de epilepsia. Porém, ao administrar a PGB nos roedores, eles observaram o crescimento de novas conexões nervosas.

Em experimentos passados, a equipe descobriu que certos medicamentos usados no tratamento de câncer também poderiam ter efeitos restauradores sobre as células nervosas, limitando o crescimento de tecido cicatricial. O novo método, que consiste na restauração de neurônios danificados a fim de reestabelecer conexões, é um grande passo para ajudar na reversão de danos da medula espinhal. Até o momento, as experiências em ratos foram bem-sucedidas, porém, não há garantias de que funcionará tão bem em seres humanos. Contudo, a longo prazo, os resultados, publicados na revista Neuron, poderão levar a novas abordagens de tratamentos, segundo Bradke.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Science Alert ] 

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