Médicos desenvolvem dispositivo que supera lesões medulares e pode ajudar pacientes com paralisia

de Merelyn Cerqueira 0

Uma equipe de médicos na Universidade Ronald Reagan, da Califórnia, desenvolveu um dispositivo capaz de ignorar lesões medulares e forçar o organismo a usar uma rota alternativa para transmitir sinais do cérebro para o corpo.

Em um teste, os médicos mostraram que o aparelho melhorou o movimento do dedo de um quadriplégico em 300%, aumentando sua força de aderência e ajudando-o a realizar novamente tarefa diárias, de acordo com informações da Science Alert. Em julho deste ano a equipe implantou o dispositivo pela primeira vem em um homem californiano de 28 anos, chamado Brian Gomez. Há cinco anos, enquanto andava de bicicleta, sofreu um acidente que quebrou sua vértebra C-5 – presente no meio do pescoço e próxima à cartilagem da tireoide – o que fez com que ele perdesse todas as funções das extremidades.

De acordo com o membro da equipe, Dr. Daniel Lu, Gomez parecia ser o candidato perfeito para o tratamento experimental. “Ele ainda tinha sensações da cabeça aos pés, e podia nos dar um feedback enquanto aperfeiçoávamos o estimulador”, explicou. “Ele é um jovem positivo e motivado”.

O dispositivo em questão conta com uma série de 32 eletrodos que pode enviar pulsos elétricos ao redor da área lesionada. Ele foi implantado na vértebra C-5 de Gomez, danificada pelo acidente. De acordo com a equipe, o modelo permite que o cérebro continue a enviar mensagens para o resto do corpo, mas ignorando os caminhos lesionados.

A medula espinhal contém caminhos alternativos que podem ser usados ​​para contornar a lesão e receber mensagens do cérebro para os membros, e a estimulação elétrica treina a medula espinhal para encontrar e usar esses caminhos”, explicou Lu. “Se houver um acidente na autoestrada, o tráfego para, mas há um número de ruas laterais que você pode usar para desviar do acidente e chegar onde pretende. É o mesmo com a medula espinhal”.

Junto aos eletrodos a equipe também implantou uma bateria que pode ser ajustada em certos padrões, proporcionado maior ou menor estimulação para certas áreas quando necessário. Em estudos anteriores, a equipe utilizou um dispositivo semelhante, mas não invasivo, em dois pacientes paraplégicos com lesões lombares, que apresentaram resultados “emocionantes”. Diferente disso, o de Gomez, que é implantando na pele, é o primeiro a ser testado em uma pessoa quadriplégica.

Uma resposta mais “forte” foi vista no caso do californiano, que agora já utiliza as mãos para realizar tarefas diárias, como trabalhar em sua empresa de torrefação de café. Ainda, as melhorias do paciente são consideradas impressionantes porque sua lesão ocorreu há um tempo relativamente longo. A equipe disse que em casos de lesão na coluna, como a dele, normalmente há uma janela de tempo para tratamentos até que o caso se torne irreversível.

Há de se considerar que o objetivo dos médicos não é uma recuperação de 100% das funções do paciente, mas sim permitir que ele realize tarefa diárias que antes eram impossíveis, como escovar os dentes, amarrar os sapatos ou simplesmente segurar um garfo. Até o momento, o dispositivo só foi testado em um paciente, e por isso os resultados devem ser considerados com cautela. O próximo passo da equipe é que o estudo seja revisado por pares e publicado em uma revista ou jornal especializado.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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