Parasitas que causam problemas no estômago podem curar asma, segundo pesquisa

de Julia Moretto 0

Uma pílula para asma pode ser a mais nova invenção da Ciência. Essa novidade só pôde ser criada graças a um parasita tropical que vive no intestino.

A proteína produzida pelo verme causador da ancilostomíase – uma causa comum de infecção estomacal – alivia a dificuldade respiratória em camundongos, de acordo com os cientistas. Os pesquisadores dizem que o composto – apelidado AIP-2 – também é um candidato promissor para as alergias em seres humanos. Os especialistas acreditam que essa proteína poderia ser transformada na primeira pílula de combate à asma. 

A descoberta mostra que os o produto dos ancilostomídeos – encontrados em África, América do Norte e do Sul e sudeste da Ásia – protegem contra doenças inflamatórias intestinais (DII). Pesquisadores da Universidade James Cook, em Cairns, na Austrália, testaram AIP-2 em células humanas. Os ratos tratados com a proteína mostraram menos inflamação após serem expostos a um alérgeno. 

A proteína também foi testada em pessoas alérgicas aos ácaros do pó. “Embora a asma inclua condições muito diferentes, o que elas têm em comum é um defeito na regulação do sistema imunológico, que resulta em um processo inflamatório”, explica a líder do estudo, Severine Navarro. “Para sobreviver e permanecer sem ser detectado no intestino humano, o verme regula a resposta imune do hospedeiro humano”, completa.

“Pretendemos usar isso para controlar a inflamação inadequada que caracteriza doenças autoimunes e alérgicas”, disse Navarro. Ele acrescentou que seu trabalho anterior descobriu proteínas da ancilostomíase que ajudam a mudar as células T – um tipo de célula branca do sangue que circula em nosso corpo em busca de infecções – para ter uma resposta anti-inflamatória.

Essa substância não protege apenas o intestino – ela protege outros órgãos, como as vias aéreas, onde a asma desenvolve. O coautor do estudo, professor Alex Loukas, disse que a AIP-2 é a promessa para o tratamento de alergias. “Este estudo também representa um importante passo para a exploração do potencial terapêutico de proteínas da ancilostomíase”, afirmou.  “No estudo da asma usamos uma forma recombinante da AIP-2. Isso significa que somos capazes de reproduzi-la em grandes quantidades”, completou. 

Este é um desenvolvimento interessante para nós porque significa que estamos mais próximos de conseguir criar um tratamento à base de pílula em ensaios clínicos. Não apenas para a asma, mas também para outras doenças inflamatórias e autoimunes”, explicou Loukas. Os resultados oferecem esperança para 5,4 milhões de pessoas no Reino Unido que têm a condição. 

De acordo com pesquisas anteriores, três pessoas morrem diariamente por causa de ataques de asma. O estudo ainda mostra que metade do Reino Unido vai sofrer de febre do feno, asma ou algum tipo de alergia até 2026 se as tendências atuais continuarem. O estudo foi publicado na revista Science Translational Medicine.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Bronkhi ]

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