Luna, que abraçou migrante senegalês, sofre fortes ataques racistas apenas por ter sido humana

Seu crime? Ter feito um dos mais instintivos gestos humanos ao ver uma pessoa desesperada em prantos: dar um abraço

de Redação Jornal Ciência 0

“Esse abraço foi sua tábua de salvação”. Assim explica Luna Reyes sobre o momento que a fez ser o símbolo da humanidade universal, depois de estender os braços a um migrante exausto senegalês que vinha do Marrocos que chegou à costa Ceuta, na Espanha.

Suas imagens circularam o mundo com seu abraço fraterno e quase maternal a um migrante absurdamente exausto pela longa viagem pelo mar. A ação foi vista como um símbolo de amor humano e serviu como um cartão postal mundial para a crise migratória.

“Ele estava chorando… E antes de me abraçar, estava apedrejando a própria cabeça. Ele queria se matar”, disse Luna à mídia espanhola.

O ato de generosidade humana em acolher, tornou-se um verdadeiro pesadelo para a vida de Luna, com ataques racistas inacreditáveis. Enquanto no Twitter hashtags como “OrgulloLuna e “GraciasLuna foram levantadas como uma forma de valorizar o ato humano, outras de cunho machista, racistas e xenofóbicos inundaram suas redes sociais.

De acordo com publicação do Huffington Post, ela foi severamente atacada. “Vai pagar caro”, “Queria apenas trepar com ele”, “A Europa não é uma ONG”, foram apenas algumas das mensagens que Luna recebeu. O volume de massacre foi tanto que ela precisou tornar suas redes sociais privadas.

“Ela está muito triste com a chegada de pessoas que buscam um futuro melhor. Ela faz o que qualquer um de nós deve fazer, que é tranquilizá-los e cuidar deles. São pessoas que chegam muito confusas por passarem por realidades muito difíceis”, disse Luis Reyes, pai de Luna.

Mas, quem é esta jovem voluntária da Cruz Vermelha? Luna mora em Madrid, tem apenas 20 anos e foi somente em março que chegou a Ceuta, cidade espanhola localizada na Península Tingitana, na costa africana do Estreito de Gibraltar, que faz fronteira com Marrocos a sudoeste.

Ela estudou Técnica de Atenção a Pessoas em Situação de Dependência e atualmente exerce sua prática — não remunerada — como Técnica Sênior de Integração Social no Centro de Saúde Tarajal, onde atende crianças e realiza atividades de acompanhamento ou alfabetização.

Mas, dada a situação no local, ela também decidiu se voluntariar para a Cruz Vermelha, onde se juntou a um grupo de emergência para entregar os primeiros socorros aos migrantes que chegam na área.  Esse sentimento de ajudar socialmente e participar em crises humanitárias é uma herança familiar. Os pais de Luna também participaram de entidades sociais e incutiram em seus valores o respeito aos direitos humanos.

O risco de contágio por Covid-19 não impediu a jovem de continuar a trabalhar. Claro, ela faz exames periódicos para evitar qualquer perigo para ela e para outras pessoas, além de ter recebido a primeira dose da vacina AstraZeneca.

“Minha filha sempre foi empurrada para a frente e não ficou apavorada com o vírus”, disse o pai.

Em entrevista à RTVE, Luna comentou que não estava preparada para que algo assim ocorresse. Após descobrirem em suas redes sociais particulares que seu namorado é negro, a onda de comentários racistas explodiu. Ela estuda a possibilidade de denunciar todos os comentários racistas que recebeu para tentar encontrar um ponto de justiça sobre a onda difamatória que invadiu sua vida.

Fonte(s): Diário de Notícias / Bio Bio Imagem de Capa: Reprodução / © EPA / REDUAN via Diário de Notícias

Jornal Ciência