Irena Sendler, a enfermeira que salvou mais de 2.500 crianças em Varsóvia

de Merelyn Cerqueira 0

Para que nunca esqueçamos, o Holocausto foi uma das épocas mais sombrias da História humana. Fomentado por um regime antissemita, evidenciado pelo período do Nazismo da Alemanha, ele resultou na morte de milhões de pessoas.

Embora muitos médicos, à época, como Josef Mengele e Heinrich Himmler, tenham feito nome com experimentos desumanos, nem todos os profissionais de saúde são lembrados como monstruosos. Irena Sendler, por sua vez, nasceu em Varsóvia em 1.910, e é uma dessas pessoas.

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Nascida em uma família tradicionalmente socialista, ela foi criada de acordo com a tradição judaica. Seu pai, que era médico, teve como pacientes muitos judeus pobres, dos quais cuidava gratuitamente. Quando morreu em 1.917, a comunidade judaica ofereceu subsídios à família como forma de gratidão. Em seus anos universitários, ela contradizia abertamente a discriminação contra estudantes judeus, e, eventualmente, integrou a Associação da Juventude Democrática Polonesa do Partido Socialista Polaco.

Durante a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Irena, então com 29 anos, trabalhou como assistente social para a administração da cidade, onde, com o apoio de um diretor de departamento, ajudou judeus que sofriam discriminação pelos nazistas. No outono de 1940, o gueto de Varsóvia foi vedado, prendendo quase 400 mil judeus ali dentro, que foram deixados em condições anti-higiênicas, agravadas pela falta de medicamentos e alimentos, bem como expostos a uma série de epidemias mortais.

Como enfermeira, Irena conseguiu um passe oficial para entrar no local com a desculpa de que faria uma desinfestação. Lá, ela conseguiu silenciosamente organizar um sistema de ajuda, fornecendo alimentos, roupas e outros itens. Então, em 1942 fundou uma organização secreta chamada “Conselho de Ajuda aos Judeus” (Zegota), onde se tornou uma das principais ativistas.

Quando descobriu que os alemães planejavam exterminar os judeus em sua proteção, começou a transferir as crianças vestindo-as de enfermeiras e escondendo-as em ambulâncias. No entanto, em algumas das vezes, os pequenos eram colocados para dormir, por meio de medicamentos, para que fossem ensacados ou colocados em caixões, fazendo os guardas acreditarem que tinham morrido de tifo.

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Quando libertadas, elas eram recolhidas por centros de serviços sociais, onde aprendiam a se adaptar ao novo ambiente, e, em seguida, eram adotadas por novas famílias, orfanatos ou conventos.

Em 20 de outubro de 1943, os nazistas prenderam Irena a torturam brutalmente durante três meses. Sem entregar sua causa, ela foi condenada à morte e enviada a prisão de Pawiak. Libertada após um de seus ajudantes subornar um general nazista com muito dinheiro, ela entrou na clandestinidade sob o nome Klara Dabrowska. Estima-se que a enfermeira tenha salvo mais de 2.500 crianças e, mesmo impedida de voltar a trabalhar com judeus, após o final da Guerra, ajudou na criação de um orfanato, um Centro de Assistência para mães e crianças com dificuldades e algumas instituições de apoio para desempregados.

Avançando um pouco mais em sua história, em 1991 recebeu o título de cidadã honorária de Israel e, em 2006, a associação “Crianças do Holocausto”, juntamente com o Ministério das Relações Exteriores, criaram o prêmio Irena Sendler, oferecido a pessoas ligadas a causas sociais.

Em 2007, foi nomeada para o Prêmio Nobel da Paz. Em 2008, a rede CBS produziu um filme sobre sua vida, “The Courageous Heart of Irena Sendler”, pouco antes de, em maio de 2008, em Varsóvia, sua morte ser anunciada.

[ Nurse Times ] [ Fotos: Reprodução / Nurse Times / Wikipédia

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