Cientistas encontraram uma explicação para a existência da menopausa

de Julia Moretto 0

A menopausa é uma parte inevitável da biologia humana, mas na verdade é incrivelmente rara no reino animal. Além de seres humanos, apenas duas espécies conhecidas passam pela menopausa – orcas e baleias-piloto-de-aleta-curta. Mesmo sendo raro, os cientistas podem finalmente ter uma explicação para esse mistério evolutivo.



Os pesquisadores nunca entenderam completamente por que o fenômeno ocorre apenas em humanos e baleias, já que outras espécies também se reproduzem ao longo de suas vidas. Mas um estudo conduzido pela universidade de Exeter, no Reino Unido, encontrou a evidência para o mistério sobre a menopausa em orcas: as fêmeas param de se reproduzir quando ficam velhas porque não podem competir com a prole de suas filhas adultas.

Em outras palavras, ocorre uma espécie de conflito entre mãe e filha quando as orcas mais velhas se reproduzem ao lado de suas filhas férteis. Mas por que isso ocorre? O traço pode ter evoluído devido à maneira como as orcas organizam sua estrutura social. As orcas fêmeas começam a se reproduzir com 15 anos e param em seus 30 ou 40 anos. Enquanto muitos machos não vivem além dos 30 anos, as fêmeas sobrevivem por muito mais tempo, podendo chegar aos 90 anos.

Quando os pesquisadores encontraram os dados do Centro dos Estados Unidos de Whale Research e Fisheries and Oceans Canada, descobriram que a mortalidade da prole de mães mais velhas era 70% maior do que a de mães jovens.Esse forte desequilíbrio é a primeira evidência direta do chamado “hipótese de conflito reprodutivo” – um modelo apresentado como uma explicação da menopausa mamíferos em 2008.

A hipótese sugere que as fêmeas mais velhas param a reprodução devido aos custos de competir com suas filhas. No caso das baleias, os pesquisadores do novo estudo acham que esse tipo de análise é resultado de uma perspectiva evolutiva, já que não faz sentido as orcas se reproduzirem tanto.

É fácil pensar que uma mulher mais velha vai transmitir melhor seus genes se continuar se reproduzindo no fim da vida“, diz um membro da equipe, ecologista comportamental Daniel Franks, da Universidade de York, no Reino Unido. Mas esquecemos que as avós baleias tendem a colaborar na alimentação de seus netos, ou seja, se elas possuírem filhotes para cuidar, eles fatalmente receberão menos atenção e comida do que outros nascidos na mesma época, mas de mães mais jovens.

Outro fator é que as orcas jovens crescem sem que seus pais estejam por perto, o que significa que seu nível de parentesco com o resto do grupo começa relativamente baixo. Mas conforme as fêmeas envelhecem e começam a contribuir com sua própria prole, seus laços de parentesco com o resto do grupo se tornam mais fortes, o que poderia ter um efeito sobre como os recursos alimentares são alocados entre a ninhada.

Pode ser que as fêmeas mais velhas sejam mais propensas a compartilhar e as fêmeas mais jovens sejam menos propensas a compartilhar alimentos“, disse o pesquisador Darren Croft, da Universidade de Exeter. O resultado é que, como as avós são mais propensas a compartilhar alimentos, seus próprios descendentes recém-nascidos podem receber menos.

Enquanto isso, as mães mais jovens que não desenvolveram essas características generosas vão garantir alimentos especificamente para seus filhos, o que os ajuda a sobreviver melhor na natureza. Embora nesta fase, a nova pesquisa só forneça evidências de que a hipótese de conflito reprodutivo se estende às orcas, a equipe acredita que o modelo também poderia apoiar a menopausa humana. As descobertas foram publicadas na revista Current Biology.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Science Alert ]

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