Você sabia que as pessoas podem decidir se gostam ou não de você em questão de milissegundos?

de Merelyn Cerqueira 0

Uma equipe de cientistas da Universidade de Basel, na Suíça, realizou um estudo pioneiro sobre os processos subconscientes do cérebro e a ordem em que eles ocorrem, que determinam como os seres humanos processam informações sociais, como simpatia e antipatia. As descobertas publicadas na última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) mostraram que as pessoas podem gostar – ou não – de outra em questão de milissegundos.  

Utilizando testes de associação implícita (IAT) nos estudos, os cientistas avaliaram a reação de indivíduos a palavras e conceitos positivos e negativos – que eles associavam a eles mesmos ou a um outro grupo.

O psicólogo e neurocientista Dr. Bastian Schiller e sua esquipe de pesquisa, administraram os testes em um grupo de fãs de futebol. Enquanto os sujeitos respondiam a conceitos como “amor” ou “morte”, aos nomes dos jogadores de suas equipes e de equipes adversárias, os pesquisadores mediam suas ondas cerebrais através de um eletroencefalograma. O objetivo do estudo era investigar as etapas de processamento de informações individuais e a duração das avaliações sociais subconscientes.

Para fazer isso, foi necessário analisar “microestados” funcionais do cérebro – fases curtas que chegaram a durar apenas alguns milésimos de segundo – durante o qual uma rede neuronal é ativada para realizar uma etapa de processamento particular. No entanto, os pesquisadores já sabiam que o tempo de reação nos IATs era mais longo quando pessoas de grupos adversários eram associadas a características positivas. O que a equipe descobriu em sua análise de microestados, é que tempos de reação mais longos não são atribuíveis às etapas de processamento adicional, mas que alguns passos individuais podem ser mais longos.

De acordo com o Dr. Shiller, esse estudo demonstra o potencial das neuroimagens elétricas modernas para ajudar a compreender melhor a origem, a evolução e o tempo dos processos sociais mais relevantes no cérebro humano. Outro membro da equipe, o Prof. Dr. Markus Heinrichs, da Universidade Albert-Ludwig, em Freiburg, atualmente está investigando a extensão a que essa descoberta pode chegar e se pode facilitar o diagnóstico e o tratamento de doenças mentais que envolvam déficits sociais.

[ Science Daily ] [ Foto: Reprodução / Flávio Chaves ]

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