Sociopatas e narcisistas podem até acreditar que estão acima da ciência, mas na verdade, existem muitas maneiras que ajudam a revelar até o mais sofisticado mentiroso.
Se você quer descobrir como identificar uma mentira, basta seguir as dicas de Dan e Lisa Ribacoff que, além de serem pai e filha, são dois especialistas em avaliação de credibilidade e examinadores certificados em testes de polígrafos.
Eles usam suas habilidades para ajudar em investigações criminais, questões de negócios, familiares e de relacionamento em Nova York. Dan, que já fez inúmeras aparições da televisão norte-americana, também é um investigador particular.
De acordo com a revista Mental Floss, os Ribacoffs usam uma mistura de psicologia de análise de linguagem corporal, habilidades de entrevista e testes de polígrafo para determinar se uma pessoa está mentindo.
O polígrafo, para todos os efeitos, é uma máquina que combina diferentes dispositivos médicos, sendo capaz de monitorar quaisquer alterações fisiológicas, particularmente de frequência cardíaca, pressão arterial e taxa de respiração e transpiração de um entrevistado.
A precisão dos testes de polígrafo há anos vem sendo criticada por inúmeros especialistas, incluindo a American Psychological Association.
No entanto, de acordo com os Ribacoffs, o aparelho é apenas um fator em suas avaliações, que basicamente são baseadas na leitura das pessoas e a criação de uma linha de base de comportamento, que é estabelecida para cada indivíduo.
“A avaliação da credibilidade não se baseia em um único testemunho, mas em uma combinação”, disse Dan ao Mental Floss.
“Não há uma dica verbal ou não verbal que seja o indicador absoluto [de uma mentira]. É um processo de coleta de peças para montar um quebra-cabeça”. Confira oito sinais que, de acordo com os especialistas, podem indicar que alguém está mentindo:
1 – Distância física
Um hábito comum de uma pessoa que está ofuscando uma verdade é colocar uma distância física entre ela e o indivíduo a quem está mentindo, principalmente se estiver sendo questionada.
“Recostar-se e esticar as pernas é uma forma de tentar ganhar distância entre você e o entrevistador”, disse Dan. Cruzar os braços, uma postura defensiva, também é um sinal potencial de duplicidade.
2 – Excesso de movimentos desnecessários
Mentir ativa o sistema límbico, cujo objetivo é manter uma pessoa calma durante uma situação de estresse. Logo, os mentirosos podem ter dificuldade de ficar parados.
“É como se uma máquina de pipoca começasse a funcionar em sua cabeça”, explica Dan. “Você faz coisas para queimar a energia nervosa, como remover fiapos imaginários, esfregar o braço e comportamentos autorrelaxantes, como se mexer sem razão”.
Segundo Lisa, “esfregar o pescoço ou brincar com o cabelo” também são sinais de uma possível informação enganosa.
3 – Ausência de contato visual
O contato visual é algo íntimo e vulnerável – e muitos mentirosos não conseguem olhar nos olhos quando estão contando uma mentira.
De acordo com Lisa, os examinandos frequentemente mantêm o contato visual, mas o desfaz quando começar a mentir. Contudo, ela afirma que é importante lembrar que há outras razões pelas quais uma pessoa pode não manter contato visual, como estar no espectro do autismo ou ter certos distúrbios psicológicos.
Segundo Dan, uma linha de base do comportamento normal é estabelecida para cada indivíduo. Logo, o que os examinadores devem procurar é uma mudança ou um desvio da linha dessa base exclusiva pré-determinada.
4 – Responder perguntas com perguntas
Um mentiroso não lhe dirá diretamente que fez algo errado, ele responderá tentando desviar sua atenção, fazendo uma nova pergunta, por exemplo. Não responder diretamente é um sinal de alarme imediato para Dan. Uma pessoa inocente geralmente apenas diz “não” quando é questionada sobre ter feito algo de errado.
“Uma pessoa culpada tem dificuldade em dizer não”, explica Dan. “Quando eles não respondem a uma pergunta, você pode farejar uma mentira”.
5 – Desvio de culpa e excesso de explicações
Outro truque infalível dos grandes mentirosos é explicar demais. “Eles dificilmente são diretos com você. Saem pelas tangentes e divagam”, disse Dan. “Eles te dão informações sem importância. Ou, vão transferir a culpa para outra pessoa”.
Dan revelou que recentemente avaliou uma situação em que um funcionário de um hotel foi acusado de roubar dinheiro de um dos hóspedes. Ele foi submetido a um polígrafo junto a toda a equipe de segurança do hotel, uma vez que envolvia um cofre que só eles tinham acesso.
Quando Dan questionou o empregado acusado, o homem proclamou sua inocência e transferiu a culpa para sua gerente, Kara, e outro funcionário do hotel, chamado John.
“Quando eu disse: Você pegou o dinheiro? Ele disse: ‘Eu não peguei o dinheiro, é a maldita Kara, ela está constantemente favorecendo o John, porque cresceu com ele, e o trata como um filho’”. John, por sua vez, passou no teste de polígrafo, enquanto o empregado – que era culpado – falhou.
6 – A história contada constantemente muda
Mentirosos também tendem a mudar uma história toda vez que a contam. Em um caso recente, Dan entrevistou um homem que foi acusado de roubar seu local de trabalho e vender os itens. Ele alegou que um segurança da empresa havia cometido o crime e até mencionou que havia encontrado o segurança recentemente em uma festa.
No entanto, convenientemente, o homem não sabia o nome do segurança e tampouco o seu telefone. Então, ele foi levado a Lisa para passar por uma segunda entrevista, que envolvia as mesmas perguntas, e de repente, foi capaz de fornecer o nome do segurança e seu telefone. Isso, para Dan, indicou claramente uma mentira, uma avaliação que foi corroborada pelos resultados do polígrafo.
7 – Geralmente não faz qualquer sentido
“Se a história não faz sentido, geralmente não é verdade”, explica Dan. Em um caso recente que cuidou, uma esposa concordou em fazer um polígrafo a pedido de seu marido ciumento, que encontrou inúmeras mensagens de texto trocadas entre ela e um colega de trabalho em seu telefone.
No começo, disse a Dan que ela e seu colega eram apenas amigos e que, apesar da troca de mensagens, nada de físico acontecia entre eles. Mas, durante o teste de polígrafo, ela acrescentou que as mensagens ocorriam há pelo menos três anos, e incluíam uma série de trocas de fotos íntimas.
Após ter falhado no primeiro teste de polígrafo, ela concordou em fazer um segundo, no qual negou qualquer contato sexual com o amigo. Falhando novamente, ela admitiu tê-lo beijado.
De acordo com Dan, mesmo sem as confissões, a linguagem corporal da mulher durante os dois testes foi reveladora. “Ela estava perturbada e tremente. Eu me sentia mal por ela. Sabia que aquilo não acabaria bem”.
8 – Sintomas de “luta ou fuga”
De acordo com Dan, as pessoas costumam respirar menos quando estão mentindo, de modo que o rosto fica vermelho e começam a suar. “Você lambe seus lábios porque ocorre a digestão quando o sistema de luta e fuga entra em ação”.
Naturalmente, esses sintomas também podem acontecer se você estiver com medo ou tiver problemas com autoridade.
Mas, de acordo com o especialista, é nesse ponto que a valiosa base de comportamento pré-estabelecida ajuda um examinador a determinar se a pessoa já estava nervosa muito antes de começar uma entrevista.
No mais, Dan acrescenta que uma última e útil dica é que, não importa quão perspicazes sejam seus poderes de observação, o importante é fazer uma pessoa falar.
Ele sugere abordar uma linha de entrevista, ao invés de um interrogatório. “Quando eu entrevisto você, eu deixo você falar”, ele observa. “Em um interrogatório, eu estou falando para fazer você confessar”, concluiu.
Fonte: Mental Floss Foto: Reproduçao / Jornal Ciencia