Como o nosso cérebro age quando contamos uma mentira?

de Julia Moretto 0

Segundo um estudo realizado na University College London, no Reino Unido, contar pequenas mentiras dessensibiliza nossos cérebros para emoções negativas, nos encorajando a mentir mais no futuro. Um artigo sobre o tema foi publicado na revista Nature Neuroscience.

A descoberta

Essa é a primeira prova de que as mentiras contadas para o bem podem aumentar gradualmente conforme elas agem em nosso cérebro. Para realizar o estudo, a equipe mapeou o cérebro enquanto pessoas executavam tarefas em que podiam mentir para se beneficiar.

Os pesquisadores descobriram que a amígdala – parte do cérebro associada à emoção -, ficava mais ativa quando os voluntários contavam as mentiras. A resposta da amígdala em relação à mentira diminuía conforme a história falsa era contada, enquanto a magnitude das mentiras aumentava. Dessa forma, os pesquisadores descobriram que quedas nas atividades das amígdala geravam mentiras futuras.

O estudo

Para chegar a essa conclusão, os cientistas pediram que 80 voluntários adivinhassem o número de moedas de um centavo que estava dentro de um frasco, e enviasse sua opinião para parceiros desconhecidos usando um computador. 

Essa análise ocorreu em cenários diferentes. Em relação à referência, os participantes foram informados que quanto mais preciso o chute, mais ele sairia beneficiado. Em outros cenários, deduzir o resultado acima ou abaixo do valor correto beneficiaria seu parceiro.

“Quando mentimos para ganho pessoal, a nossa amígdala produz um sentimento negativo que limita a extensão até a qual estamos preparados para mentir”, comentou um dos autores do estudo, Dr. Tali Sharot, ao portal Science Daily. “No entanto, esta resposta diminui à medida que continuamos a mentir, e quanto mais cai, maiores nossas mentiras ficam. Isso pode levar a uma ‘ladeira escorregadia’, onde pequenos atos de desonestidade transformam-se em mentiras mais significativas”.

Resposta do cérebro

De acordo o principal autor do estudo, com Dr. Neil Garrett, do departamento de Psicologia Experimental da University College London, quando nosso cérebro reproduz respostas automáticas sobre atos irreais, nossas respostas emocionais se reduzem.  

Isto está de acordo com as sugestões de que a amígdala sinaliza aversão aos atos que consideramos errados ou imorais. Nós só testamos desonestidade neste experimento, mas o mesmo princípio pode também se aplicar a escalonamentos em outras ações, tais como tomada de riscos ou comportamento violento”, explica o Dr. Garrett.

Este foi só um primeiro estudo sobre como agem as respostas mentirosas no cérebro. Pesquisas futuras ainda serão realizadas para que o cientistas expliquem esse tipo de comportamento.

[ Science Daily ] [ Foto: Reprodução / Proza ]

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