Conheça a “Pompeia moderna” da Islândia

de Julia Moretto 0

E se você pudesse visitar Pompéia e conhecer os habitantes que fugiram da horrível erupção vulcânica do Monte Vesúvio?

 

Na ilha de Heimaey, no arquipélago de Westman, na parte sul da Islândia, você pode fazer exatamente isso. Através de visitas guiadas, apresentações multimídia e relatos de sobreviventes, a assombrosa história da catástrofe é vivamente recriada.

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Na manhã de 23 de janeiro de 1973, o vulcão Eldfell entrou em erupção sem aviso prévio, lançando lava sobre o porto pesqueiro de Vestmannaeyjar. Em uma ação rápida, toda a população da ilha foi evacuada. “As pessoas pensaram que era o fim da vida aqui“, disse um guia.

 

Por cinco meses, Eldfell – que significa “Montanha de Fogo” em Islandês – manteve a atividade na ilha. Então, finalmente, as erupções pararam. No total, meio milhão de metros cúbicos de cinzas vulcânicas cobriram a cidade. Um terço das casas tinha sobrevivido. Um terço poderia ser salvo. E um terço se foi para sempre. As famílias começaram a cavar para recuperar suas casas. Voluntários vieram de toda a Islândia e de todo o mundo para ajudar. Eles removeram 800 mil toneladas de cinzas e reconstruíram a cidade destruída. Em alguns lugares, como o cemitério, a remoção das pedras era feita à mão e com pás.

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Andar pelas casas é como entrar em uma cápsula do tempo. Em uma delas morava uma mulher, seu marido – capitão de barco de pesca – e seus três filhos. Todos morreram assim que o vulcão entrou em erupção. Os visitantes podem observar um prato, pedaços do teto, um pedaço de roupa e uma lâmpada pendurada. Além disso, é possível identificar restos da lareira da família, quartos abandonados, lâmpadas no teto e janelas.

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O local guia os turistas com áudio e imagens da explosão e de suas consequências. As palavras e as gravações foram feitas com sons reais. Os visitantes veem imagens da evacuação e ouvem o anúncio que foi feito para informar todos os habitantes de que deveriam deixar suas casas imediatamente.

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Os visitantes aprendem como foi a reação dos moradores. Um homem correu de volta para pegar sua carteira. Outro pegou um periquito. As crianças corriam de pijama. Um garoto pegou um livro de escola, sem perceber que demoraria um pouco até voltar para a escola. Todos os barcos de pesca estavam no porto naquela noite, por causa das recentes tempestades, e os moradores puderam subir a bordo para se proteger. Eles passaram cerca de quatro horas no mar e depois foram recebidos por ônibus e levados para Reykjavik.

 

Eldfell ainda domina grande parte da ilha. Ele permanece ativo, embora não tenha entrado em erupção desde aquela noite fatídica. Hoje, quando os turistas voam para o aeroporto local no Haimaey, podem não perceber que parte da pista foi construída a partir tephra – material expelido durante a erupção vulcânica. A ilha também aumentou mais de dois quilômetros desde 1973 – cerca de sete campos de futebol – como resultado do fluxo de lava concentrado.

 

A ilha é acessível: fica a cerca de 2 a 3 horas de Reykjavik. Em seguida, os turistas embarcam para um passeio de 30-45 minutos. Os visitantes podem aprender sobre vulcões no museu, ver as características vulcânicas e as partes novas da ilha formadas pela lava, além de conhecer habitantes e passar por outros locais, incluindo uma montanha das menos amigáveis, com ventos de até 110 quilômetros por hora.

[ Smithsonian ] [ Fotos: Reprodução / Smithsonian ]

Jornal Ciência