Escaneamento em múmias de Pompeia revela detalhes dos ossos, traços faciais e estrutura dos dentes

de Bruno Rizzato 0

Depois de permanecerem sob cinzas há mais de 1.900 anos, as vítimas da erupção devastadora em Pompeia, na Itália, estão sendo “trazidas à vida” por uma moderna tecnologia de escaneamento de imagem.

No último ano, arqueólogos analisaram, restauraram e digitalizaram os órgãos preservados de 86 romanos que morreram por conta da erupção do Vesúvio, em 79 d.C. Agora, os restauradores lançaram os primeiros resultados destas verificações para mostrar os detalhes dos corpos sob o gesso.

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Uma das vítimas era um menino, provavelmente de quatro anos, que parecia aterrorizado na hora que a lava o atingiu. Ele foi descoberto ao lado de um casal de adultos, que poderiam ser seus pais, assim como uma criança mais jovem que parecia estar dormindo no colo de sua mãe. As roupas do menino já eram visíveis no molde de gesso, mas agora foi possível reconhecer seu minúsculo esqueleto.

A varredura utilizada é parecida com os escaneamentos 3D de ultrassom – feitos pelos médicos durante a gravidez -, e mostrou os lábios do jovem menino contraídos, como ocorre durante o estado de choque. A coluna vertebral, costelas e pelve de uma outra vítima, provavelmente de um homem adulto, também foram reveladas pelo projeto. Outras análises tentam revelar o crânio de uma vítima através de uma técnica de contraste específico, que imita a aparência dos músculos e da pele. Esse tipo de análise ajuda a acentuar os dentes da vítima, mas as suas órbitas vazias e nariz em colapso acabam causando uma sensação macabra.

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Especialistas do Sítio Arqueológico de Pompeia estão preparando uma exposição chamada “Pompeia e Europa”. Ao longo dos anos, muitos corpos das vítimas do local foram envoltos em moldes de gesso para ajudar a preservá-los e manter suas posições. A restauração envolve uma cuidadosa incursão destes moldes para revelar os corpos sepultados em cinzas. Os exames são usados ​​em corpos muito delicados. A tomografia axial computorizada (TAC) é utilizada para a produção de modelos 3D detalhados dos restos mortais. Em particular, a tomografia é o processo de criação de uma imagem 2D, apenas uma “fatia” de um objeto 3D. Ela é usada ​​pelos médicos para examinar uma parte do corpo para identificar áreas específicas. O mesmo método é usado quando se estudam os restos mortais.

As poses dos corpos das vítimas do Vesúvio revelam como elas morreram: alguns presos em edifícios e outros abrigados com membros da família. Em uma imagem chocante, é possível ver Stefano Vanacore, diretor do laboratório, carregando os restos da pequena criança em seus braços, que foi tomada pelas cinzas durante a erupção, em um dia 24 de agosto. Outro molde de gesso de um adulto revela que ele levantou as mãos para tentar se proteger.

Pompeia foi uma grande vila romana na região italiana de Campania. O Monte Vesúvio entrou em atividade, lançando cinzas por 18 horas e atingindo toda região do entorno. Mas o desastre mortal ocorreu na manhã seguinte, quando o cone do vulcão entrou em colapso, causando uma avalanche de lama viajando a 160 km/h, soterrando Pompeia, destruindo tudo em seu caminho e cobrindo até mesmo as construções mais altas da cidade. As pessoas foram envoltas pelas cinzas, que formaram uma casca porosa quando endureceram. Isso significa que os tecidos moles dos corpos já foram decompostos, sobrando apenas o esqueleto.

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Relatórios afirmam que duas mil pessoas morreram, e o local ficou abandonado até ser redescoberto, em 1748. Muitos dos edifícios, artefatos e esqueletos foram encontrados intactos sob uma camada de detritos. O lugar agora está classificado como Patrimônio Mundial da UNESCO e mais de 2,5 milhões de turistas o visitam a cada ano. Em novembro, os arqueólogos franceses e italianos encontraram fragmentos de vasos de barro que parecem ter sido derrubados por ceramistas romanos fugindo do desastre.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

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