“Visão cega”: mulher que não enxerga afirma “sentir” tudo ao seu redor

de Merelyn Cerqueira 0

A escocesa Milina Cunning, de Wishaw, por volta dos 20 anos de idade, foi internada devido a alguns problemas de saúde.

Em coma induzido durante 52 dias, quando acordou notou que sua visão estava completamente escurecida. De acordo com os médicos, ela havia sofrido um derrame cerebral, e em consequência, acabou ficando cega.

No entanto, Milina acabou desenvolvendo um dos fenômenos mais curiosos da neurociência cognitiva, conhecido como “visão cega”. Isso significa que seu cérebro, de forma inconsciente, é capar de perceber as coisas ao redor, mesmo que os olhos não o façam. Com informações da BBC.com.

A visão cega, nada mais é do que uma espécie de “segunda visão”. Ele afeta algumas poucas pessoas no mundo e simplesmente lhes permite perceber as coisas ao redor sem a necessidade do sentido da visão.

“Se atirassem uma bolinha de ping-pong na cabeça de Milina, provavelmente ela levantaria seu braço e a pegaria na mão antes de ter consciência do que estava acontecendo”, explicou à BBC a cientista Jody Culham, que há algum tempo vem estudando o caso de Cunning.

“Posso me mover na minha casa sem problemas e organizar as coisas, mas não consigo vê-las”, revelou Milina em uma entrevista para o programa The Digital Human, da BBC Radio. “Sei que estão aqui, meu cérebro me informa disso”.

A escocesa explicou que antes de ser colocada em coma, chegou ao hospital com a visão normal. “Quando acordei, via tudo completamente preto”, disse. “Não era capaz de ver nada. Me disseram que, enquanto estava em coma, sofri um derrame cerebral que me deixou cega”. No entanto, nos meses que seguiram o incidente, a situação de Milina começou a mudar.

“Depois de seis meses, parecia que eu via alguma cor, mas ninguém acreditava em mim”, disse. “Então, entrei em contato com um neurologista chamado Gordon Dutton. Assim que ele me viu, supôs que eu tinha visão cega”.

Ao se encontrar com o médico, este insistiu em fazer alguns testes. Um deles exigia colocar cadeiras no corredor do hospital para que Milina caminhasse entre elas. “Simplesmente ande em seu ritmo normal”, teria dito ele à paciente.

“Fiz isso e fiquei esbarrando nas cadeiras”, contou Milina. “Quando cheguei ao fim do corredor, ele me disse: ‘Agora caminhe um pouco mais depressa entre as cadeiras’. Assim que caminhei mais depressa através delas, uma a uma, não me machuquei nenhuma vez. Foi incrível”, revelou.

Segundo ela, Dutton pediu que realizasse o exercício sem pensar muito, uma vez que seu subconsciente a ajudaria caminhar sem esbarrar nas cadeiras. Agora, Cunning é capaz de se movimentar pela própria casa sem esbarram em nada, mesmo que não possa ver.

“Sei que [as coisas] estão ali, meu cérebro me diz”, disse ela. “Se há alguma coisa, como uma bolsa ou sapatos, consigo vê-los, passar por cima ou guardá-los. É estranho que consiga ver coisas que eu não posso ver por ser cega”, acrescentou.

Fonte: BBC / BBC Foto: Reprodução / BBC

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