Vírus das hepatites B e C podem estar associados ao risco de doença de Parkinson, sugere estudo

de Merelyn Cerqueira 0

Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descobriram que pessoas que contraíram hepatite B ou C possuíam riscos aumentados de desenvolver a doença de Parkinson, de acordo com informações do Daily Mail.

O estudo sugeriu que para estas há uma propensão de 76% para o desenvolvimento da condição neurológica, uma vez que após sair do fígado, o vírus pode atacar o sistema nervoso.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) estima que algo entre 850.000 e 2,2 milhões de pessoas estejam infectadas com hepatite B crônica no país, enquanto que 2,7 milhões a 3,9 milhões tenham hepatite C.

A forma B da doença é transmitida através do contato com o sangue e fluídos corporais de uma pessoa infectada, como ocorre por meio do sexo sem proteção, compartilhamento de agulhas, lâminas de barbear e escovas de dente, bem como tatuagens e piercings feitos com ferramentas não esterilizadas.

Já a hepatite C é transmitida pelo contato de sangue para sangue, compartilhamento de agulhas, lâminas de barbear e escovas de dente, bem como pode ser passada de mãe para filho por meio da gravidez.

Embora muitas pessoas possam carregar a doença, em muitos dos casos elas experimentem poucos sintomas e, portanto, sequer sabem que possuem o vírus, especialmente durante os primeiros estágios.

Para o estudo os pesquisadores analisaram registros de cerca de 100.000 pessoas do National Hospital of Statistics, feitos entre 1999 e 2011. Para todos os participantes, foram analisados registros para ver quem mais tarde desenvolveu a doença de Parkinson. Eles descobriram que pessoas com hepatite B eram 76% mais propensas a desenvolver a doença, enquanto que as que tiveram hepatite C, 51%.

Constatou-se que um total de 44 pessoas com hepatite B desenvolveram Parkinson, algo muito maior em comparação aos 25 casos esperados para a população em geral.

Já para a forma C da doença, 73 casos foram registrados em comparação a média para a população geral que era de 49.

“O desenvolvimento da doença de Parkinson é complexo, com fatores genéticos e ambientais”, disse a autora do estudo, a Dr.ª Julia Pakpoor.

Os pesquisadores ainda não têm certeza sobre qual exatamente é a conexão entre o vírus da hepatite e a doença neurodegenerativa. No entanto, eles forneceram algumas hipóteses.

“É possível que o vírus da hepatite em si ou talvez o tratamento para a infecção possa estar desempenhando um papel no desencadeamento da doença de Parkinson ou é possível que as pessoas mais suscetíveis a infecções de hepatite também sejam para a doença de Parkinson”, disse Pakpoor.

“Esperamos que a identificação dessa relação possa nos ajudar a entender como essa doença se desenvolve”.

Ainda nesse tema, outro realizado em 2015 em Taiwan descobriu uma relação entre a hepatite C e Parkinson, mas não encontrou qualquer relação para a hepatite B e a doença.

Fonte: Daily Mail / Science Daily Foto: Reprodução / MedScape

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