Quase 30 milhões de americanos estão consumindo água contaminada ligada a câncer, defeitos congênitos e intoxicação

de Merelyn Cerqueira 0

Cerca de 15% de toda a população dos EUA está recebendo água contaminada em suas casas, de acordo com um relatório da NRDC (Conselho de Defesa de Recursos Naturais).

Todos os 50 estados possuem sistemas que violam os termos de água segura promovidos pela Agência de Proteção Ambiental (Enviromental Protection Agency) do país.

Em 2015, foram registradas 80 mil violações de segurança, afetando cerca de 77 milhões de pessoas, que sequer tinham conhecimento de tais ações.

Tais sistemas de abastecimento contaminados representam riscos altos à saúde, além de intoxicação por chumbo, especialmente às pessoas que moram em áreas rurais. Com informações do Daily Mail.

O relatório da NRDC (Natural Resources Defense Council) identificou a presença de poluentes como chumbo, cobre e arsênico, os quais podem levar a danos no fígado, rins, câncer e defeitos congênitos.

A exposição ao chumbo é especialmente prejudicial às crianças, que acabam desenvolvendo problemas de aprendizagem devido a danos no sistema nervoso central. 

O grupo em maior risco de ter esses sistemas de água contaminados é o que representa as pequenas comunidades rurais, detentoras das 70% das violações relatadas.

Segundo Erik Olson, diretor do Programa de Saúde da NRDC, e coautor do relatório, “os EUA enfrenta uma crise de água potável em toda a sua extensão e que vai muito além da contaminação por chumbo”. 

“O problema é duplo: não há nenhum policial em batidas reforçando nossas leis de água potável, e nós estamos vivendo em um tempo castigado pela infraestrutura antiga, deteriorada dos sistemas água”, explicou. 

“Nós damos por certo que quando abrimos a torneira da cozinha, a água será segura e saudável, mas ainda temos um longo caminho a percorrer antes que esta seja a realidade de nosso país”, acrescentou.

A crise hídrica de Flint, em Michigan

Embora a cidade de Flint, em Michigan, que enfrenta uma crise hídrica desde 2014, tenha sido o ponto principal, segundo o relatório, o problema é bem mais difundido. 

A crise de Flint começou quando a cidade mudou seu abastecimento para um rio local, ao invés de confiar seu abastecimento a água de Detroit, em um esforço de economizar verbas. Desde então, a população tem reclamado do cheiro da água, que foi associado à contaminação por chumbo.

Acredita-se que cerca de 8.000 crianças tenham sido expostas a envenenamento por chumbo desde 2014, o que chamou atenção nacional para o problema, resultando em acusações criminais contra seis funcionários do Estado. 

O empenamento por chumbo representa uma grande ameaça especialmente para bebês, crianças e grávidas.

As mulheres que bebem água contaminada podem prejudicar o feto por crescimento reduzido e parto prematuro. 

Já aos adultos em geral, os efeitos incluem problemas cardiovasculares, aumento da pressão arterial, diminuição da função renal e problemas reprodutivos.

O problema do chumbo

Os moradores de Flint relataram sintomas como erupções cutâneas e perda de cabelo após consumirem a água contaminada.

O fato é que a pele humana não é capaz de absorver o chumbo presente na água. Em 2016, um estudo feito pela Universidade de Harvard descobriu que mais de 6 milhões de pessoas estavam bebendo água com toxinas mortais.

Consumi-la pode levar ao desenvolvimento de câncer, obesidade, colesterol alto, abortos e defeitos congênitos.

No relatório da NRDC, foi reportado também muitas falhas em relação aos relatos de níveis graves de contaminação, bem como o fato de que 90% das violações não estavam sujeitas a nenhuma ação formal.

Ainda, descobriu-se que algo entre 6 e 10 milhões de linhas de serviço de água eram feitas chumbo, portanto, precisam ser substituídas. 

Top 12 dos estados que apresentaram maior violação

  • 01 – Texas                                
  • 02 – Flórida
  • 03 – Pensilvânia
  • 04 – Nova Jersey
  • 05 – Geórgia                           
  • 06 – Washington
  • 07 – Ohio                                  
  • 08 – Califórnia
  • 09 – Arizona                           
  • 10 – Kentucky
  • 11 – Wisconsin                     
  • 12 – Maryland
A água é cara demais para 14 milhões de estadunidenses

A água está se tornando muito cara para milhões de cidadãos que vivem nos EUA.

Segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Michigan State, e publicada pela PLOS, os preços de abastecimento terão de aumentar em 41% para ajudar a cobrir os próximos custos, que incluem a substituição de infraestrutura já ultrapassada e adaptação às mudanças climáticas.

Atualmente, 14 milhões de norte-americanos, ou 12% da população do país, não podem se dar ao luxo de pagar par ter água em suas casas. E esses números deverão crescer se os custos forem duplicados nos próximos cinco anos.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail

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