12 coisas erradas que você sempre acreditou sobre cadáveres

de Redação Jornal Ciência 0

A morte sempre foi um tema de desconforto para as pessoas e, por isso, muitos mitos surgiram em torno dela. Em particular, existem conceitos errados sobre os corpos dos mortos.

Todo mundo já ouviu muitos “fatos” fascinantes sobre cadáveres, mas muitas dessas curiosidades são coisas que não acontecem de verdade.

Esses mitos podem ser mentiras que preferimos acreditar para nos sentirmos melhor, ou apenas pequenas mentiras com o objetivo de enojar as pessoas.

O que realmente acontece com seu corpo depois da morte pode ser incrivelmente horrível. O processo de decomposição é gradual e muito complexo, envolvendo animais, insetos, fungos e bactérias que podem atacar o corpo. Pode até mesmo levar anos para um corpo ser decomposto.

Confira abaixo fatos e mentiras que muitos acreditam que ocorrem com cadáveres, mas na verdade, são mitos propagados há séculos.

12 – Cabelos e unhas não continuam a crescer

Você provavelmente já ouviu falar que seus cabelos e unhas continuam crescendo mesmo depois da morte. Isso é totalmente falso. Para que as unhas cresçam, é preciso que novas células sejam criadas, e o corpo precisa de vários elementos para produzir novas células — além de sangue sendo bombeado pelo coração. O mesmo problema se aplica ao cabelo.

Então, por que esses mitos ainda continuam? Parte disso tem a ver com o fato de que o cabelo e as unhas realmente possuem aspecto de crescimento, mas isso é uma ilusão.

Isso ocorre porque pele e tecidos ao redor dos folículos pilosos e das unhas começam a “encolher” depois de algum tempo. Conforme a pele se retrai, parece que as unhas e o cabelo ficaram mais compridos, mesmo quando na verdade não houve nenhum crescimento.

11 – Um cadáver nem sempre é rígido

Já ouvimos histórias de que corpos ficam rígidos após a morte, mas na verdade é um processo muito mais complexo do que isso. Por um lado, o fenômeno chamado Rigor Mortis — o processo que faz um corpo ficar rígido — pode levar até 12 horas para se instalar totalmente. Depois disso, o Rigor Mortis mantém seu corpo rígido ao contrair todos os músculos. Mas não dura para sempre.

Em vez disso, cerca de 18 horas depois, o processo começará a se reverter. Músculos perderão a rigidez e não se contrairão mais.

Isso significa que, após dois dias ou menos, seu corpo estará novamente flácido e relaxado como estava próximo da morte. Um cadáver em um caixão não está, em sua enorme maioria, rígido.

10 – Enterrar cadáver sem caixão não oferece risco para lençóis freáticos

Existem algumas tradições antigas que a sociedade ainda segue, uma das quais é não enterrar um corpo sem um caixão em quase todo o mundo. Uma das crenças por trás do movimento do caixão é a noção de que um cadáver pode poluir as águas subterrâneas.

No entanto, isso não é um grande problema. Geralmente enterramos corpos abaixo de 1 metro da superfície, o que não é significativo para contaminar a água subterrânea.

A água subterrânea flui muito mais fundo, a 25 metros. Entre o corpo e a água está uma grande confusão de minerais e microrganismos, como fungos e bactérias, todos os quais decompõem compostos químicos provenientes de cadáveres.

Portanto, mesmo que um corpo não esteja contido em um caixão, quaisquer fluidos ou substâncias tóxicas que vazarem serão anuladas antes de chegarem às águas subterrâneas.

9 – Corpos não se sentam no necrotério

Há muito tempo existem histórias de corpos aterrorizando pessoas no necrotério, com “relatos” que remontam há centenas de anos. As histórias geralmente dizem que algum funcionário do necrotério estava trabalhando tarde da noite quando, de repente, um corpo recentemente falecido sentou-se ereto sobre a mesa.

A falsa explicação para isso é que os corpos contêm muitos gases, o que poderia causar a contração dos músculos. Como resultado, o corpo seria forçado a “sentar”, como se ainda estivesse vivo.

Mas, a história é falsa. Depois de morrer, o corpo se enche de vários gases e precisa expeli-los pelo ânus e até pela boca, gerando gemidos que podem assustar.

Seus músculos também podem se contorcer. Ainda assim, para se sentar, você precisa que muitos músculos do seu corpo trabalhem juntos e, para mantê-lo sentado, eles precisam manter essa posição. Um cadáver não é capaz de fazer nenhuma dessas coisas. Fique tranquilo!

8 – Embalsamamento não ajuda a saúde pública

Por que embalsamamos corpos? Há muito tempo acreditamos que o embalsamamento de alguma forma mantém o público seguro. Isso simplesmente não é verdade.

De acordo com a Funeral Consumers Alliance, dos EUA, o embalsamamento, na verdade, não traz nenhum benefício à saúde pública. Nem mesmo é legalmente exigido na maioria dos lugares e é de fato proibido em alguns lugares se o corpo tiver certas doenças contagiosas.

O embalsamamento geralmente é feito por motivos religiosos ou pessoais, ou para fazer um corpo ter melhor “visual” ao ser enterrado.

Curiosamente, o processo de embalsamamento em si é bastante perigoso, e quem o faz tem que trabalhar com produtos químicos altamente tóxicos. Durante o processo, eles têm que cobrir todo o corpo e usar um respirador para ficarem seguros.

7 – Embalsamadores não removem todos os seus órgãos

O embalsamamento, mesmo nos dias modernos, costuma ser visto como uma cerimônia profunda. Na realidade, é um processo muito simples. No entanto, uma parte menos horrível é que eles não tiram todos os seus órgãos como muitos pensam.

Ao contrário da crença popular, o embalsamamento e a autópsia são procedimentos totalmente diferentes. As autópsias são realizadas apenas por motivos médicos ou legais, ou quando solicitadas.

A autópsia pode consistir em órgãos sendo pesados, estudados e dissecados. Mesmo assim, no entanto, os órgãos geralmente são colocados de volta no corpo antes de serem embalsamados ou enterrados. Isso é feito por um patologista ou médico, não por um embalsamador.

6 – Os cadáveres geralmente não propagam doenças

Na antiguidade — assim como hoje — as pessoas acreditavam que os cadáveres eram perigosos para a saúde pública, pois transmitiam doenças e podiam adoecer pessoas.

No entanto, essa crença de longa data está incorreta. Não há ciência para apoiar a noção de que um cadáver é perigoso e pode espalhar doenças apenas porque não está mais vivo. Respirar ar ao redor dos cadáveres não vai acabar com você ou deixá-lo doente.

Esse equívoco é particularmente problemático quando se trata de ajuda humanitária em desastres. Durante um grande desastre, geralmente há uma corrida para enterrar os corpos o mais rápido possível, a fim de evitar a propagação de doenças.

Isso desvia os esforços de socorro. Enquanto isso, os microrganismos envolvidos na decomposição não são aqueles que espalham ou causam doenças, e a maioria (e não todas) das bactérias e vírus morrem um dia após o fim da vida daquele corpo.

Claro, existem exceções. O vírus Ebola pode permanecer ativo em vítimas mortas, portanto, seus corpos são muito perigosos de manusear e devem ser enterrados com pressa.

O HIV também pode viver em um cadáver por até 16 dias quando refrigerado. Felizmente, a maioria dos patógenos transmitidos pelo sangue não é um risco sério se tudo for tratado com as devidas precauções de higiene e segurança.

5 – O sangue não é “sugado” e sim “empurrado”

Essa crença muitas vezes faz os embalsamadores soarem como algum tipo de vampiros perversos ou cientistas malucos. Felizmente, os embalsamadores não têm interesse em sugar todo o seu sangue e drenar você até ficar seco. Em vez disso, é muito mais um movimento de empurrar.

O sangue precisa ser removido, mas em vez de ser sugado, ele é simplesmente empurrado por todo o caminho enquanto o fluido de embalsamamento é injetado.

Como o sistema circulatório é muito parecido com uma alça, o fluido que entra remove o sangue que ainda permanece em suas veias. Isso é chamado de embalsamamento arterial e é feito por meio de pequenos cortes e incisões.

É claro que outras partes de você contêm fluidos e gases, e isso também precisa sair. Os embalsamadores usam um instrumento chamado trocarte para ajudar a retirar todos os resíduos e o excesso de fluido. Novamente, isso é feito com apenas uma pequena incisão, então nenhuma sucção de vampirismo acontece aqui.

4 – Nossos fluidos corporais vão direto para o esgoto

Você pode pensar que, uma vez que seu sangue é expelido e diversos fluídos são drenados, eles são contidos e descartados como se fossem tóxicos. Essa crença pode derivar da noção de que os cadáveres são perigosos para a nossa saúde.

Ou talvez a ideia venha do fato de que sangue e fluidos costumavam ser cuidadosamente contidos, porque o embalsamamento costumava ser feito na casa do falecido. Hoje em dia, essa crença não poderia estar mais longe da verdade.

Nas práticas modernas de embalsamamento, nosso sangue e fluidos vão direto para o esgoto. O sangue e os fluidos são misturados a produtos químicos desinfetantes muito fortes durante o processo, portanto, embora não sejam uma ameaça direta à saúde pública, eles podem causam danos ambientais.

3 – Os cadáveres nem sempre são pálidos

Quando pensamos em cadáveres, tendemos a pensar neles como essas coisas pálidas e fantasmagóricas, mesmo na cor azul ou cinza. Afinal, é assim que costumam ser retratados na arte e no cinema. Isso simplesmente nem sempre é o caso.

A cor da sua pele depende de como exatamente você morreu. Se você morresse de costas, durante o processo chamado Livor Mortis, todo o sangue e fluidos se acumulariam na parte de trás do seu corpo.

Porém, se você morrer de barriga para baixo, seu rosto e a parte frontal do corpo podem ficar muito vermelhos, chegando ao tom de roxo. Mesmo assim, quando o processo natural de decomposição começar, seu intestino começará a ficar esverdeado por causa das bactérias nele contidas.

À medida que os vasos que contêm seu sangue começam a se desintegrar, seu corpo começa a ter característica de mármore, cobrindo você com linhas roxas e hematomas para mostrar onde estavam suas veias. Eventualmente, a pele escurece.

2 – Corpos em decomposição não são ruins para o solo

Junto com a crença de que os corpos são tóxicos, vem a ideia de que se pode bagunçar completamente o ecossistema em que ele existe.

Mas, quando um corpo não embalsamado é enterrado, os restos mortais na verdade criam seu próprio bioma, chamado necrobioma, que atrai todos os tipos de fungos e bactérias. Esta é uma das razões pelas quais os velhos túmulos ainda são tão verdes e costumam ter flores e plantas próximas.

Por causa disso, existe um movimento crescente nos EUA chamado “cemitérios verdes”, no qual as pessoas são enterradas sem serem embalsamadas.

Como existem muitos produtos químicos nos fluidos de embalsamamento que não são tão amigáveis ​​ao solo, esse método de sepultamento pode, na verdade, ser mais benéfico para o ecossistema.

1 – Corpos cremados não são “cinzas”

Todos nós já vimos cenas de familiares espalhando as cinzas de alguém, mas dizer “cinzas” para um corpo não é propriamente verdade.

Quando um corpo é cremado, isso é feito em uma câmara de cremação, também chamada de retorta, que queima a uma temperatura muito alta.

Ao contrário da madeira, que queima até virar uma espécie de cinza, nossos corpos têm muitos componentes diferentes, e apenas alguns desses componentes são deixados para trás durante a cremação.

Somos principalmente compostos por água, por isso, à medida que o fogo queima, nossa umidade evapora, deixando pouco mais que ossos.

Esses ossos se calcificam no calor extremo e começam a lascar e se desintegrar. Então, depois que toda a queima está praticamente concluída, tudo o que sobra é colocado em um cremulador, que esmaga os ossos dando aspecto de “pó de cascalho”.

Portanto, ao contrário das cinzas fininhas que você pode imaginar, a maioria das urnas contém um composto resultante que se parece mais com algo com que você pode pavimentar uma estrada, já que tem aparência de areia grossa e dura. Apenas pouquíssimas empresas conseguem transformar a “areia” em um pó muito fino.

Fonte(s): Ranker Imagens: Reprodução / Ranker / Wired 

Jornal Ciência