Lagartas que fazem sexo lésbico também são capazes de se reproduzir

de Julia Moretto 0

O acasalamento é normal em qualquer espécie do reino animal, porém quando feito entre duas fêmeas, a situação é diferente. A novidade é que entre uma espécie híbrida de lagartos rabo-de-chicote, que só tem fêmeas, ocorre o sexo lésbico e a reprodução.

 

Esta espécie é comum entre o México e o sudoeste dos Estados Unidos. Elas procriam por partenogênese – forma de reprodução onde há o crescimento de um embrião sem a fertilização. Mas, o que tem deixado os especialistas intrigados é que esta espécie não faz sexo com fins reprodutivos, porém não deixam de realizar o acasalamento. Durante o ritual, uma das lagartas, tomada por progesterona, realiza o papel do macho e monta em sua parceira. Apesar do ato não ter ligação com a reprodução, ele possui sensíveis na procriação da espécie. E mais: segundo o estudo, as fêmeas que realizam esta simulação são mais férteis do que as que não a realizam.

 

Funcionamento

A forma com que essas lagartas se originam é por meio da hibridização. Nesse processo, duas espécies diferentes de lagartos rabo-de-chicote, um macho e uma fêmea, dão origem a um terceiro animal. Este animal híbrido não é estéril e se produz por partenogênese. Durante a formação dos óvulos, é possível que elas recombinem cromossomos irmãos ao invés de cromossomos homólogos, e esse processo que cria a diversidade genética.

 

É possível ocorrer o cruzamento entre a fêmea e um macho de outra espécie. O resultado deste acasalamento é uma espécie híbrida partenogenética. “Essa espécie híbrida já é considerada uma outra espécie, que pode vir a cruzar com uma terceira, ou ainda cruzar com uma daquelas que deram origem a ela. E aí você tem diferenças no número de cromossomos. Você pode ter envolvido na partenogênese bichos que são diploides e bichos que têm um conjunto de cromossomos a mais, que são triploides“, explicou Katia Pellegrino, professora de Genética e Evolução da Unifesp.

 

Diversidade

As células sexuais, também conhecidas como gametas, possuem metade de cromossomos que o restante das células. Já as fêmeas híbridas de lagartos rabo-de-chicote possuem a mesma quantidade, resultando nessas possíveis combinações. Através da duplicação cromossômica, essas espécies são capazes de recombinar cromossomos irmãos e ter o mesmo número de cromossomos que seus progenitores. Como têm um grande repertório genético, podem dar origem a uma nova linhagem.

[ El País ] [ Fotos: Reprodução / El País ]

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