4 doenças reais que foram confundidas com feitiçaria ou obra do diabo ao longo da história

de Merelyn Cerqueira 0

Sem o conhecimento científico que temos hoje, as pessoas ao longo da história costumavam atribuir o que não podiam explicar a fenômenos associados a feitiçaria ou diabo. 

As bruxas, por exemplo, eram comumente acusadas e queimadas em fogueiras no que era considerado pelo povo como um serviço em “defesa contra as artes das trevas”.

Essa ideia de fato remonta ao início de nossa civilização. Segundo Lois N. Magner, especialista em história de ciências médicas, acreditar que forças sobrenaturais eram responsáveis por doenças reais era algo essencialmente universal nas sociedades pré-históricas. 

Isso também ocorria em notáveis civilizações que se desenvolveram no período entre 3.500 a.C. e 1.500 a.C. na Mesopotâmia, Egito, China e Índia

No entanto, algumas doenças específicas eram mais frequentemente associadas a feitiçaria e forças das trevas do que outras, segundo informações do Medical Daily. São elas:

1 – Epilepsia

A epilepsia é uma condição neurológica que causa convulsões por perturbar a atividade elétrica do cérebro. Ela afeta cerca de 65 milhões de pessoas em todo o mundo, conforme a Epilepsy Foundation. Durante uma convulsão, uma pessoa pode ficar confusa ou desmaiar e, em seguida, pode sentir tremores e contrações pelo corpo. 

Talvez, essa ideia de ver uma pessoa perdendo o controle de seu próprio corpo possa ter sido o motivo pelo qual espectadores desinformados tenham ficado assustados o suficiente para acusar as vítimas de feitiçaria.

2 – Doenças mentais

Esquizofrenia e distúrbio de identidade dissociativa podem causar mudanças emocionais e comportamentais e, por serem mal compreendidas, foram demonizadas e estigmatizadas durante o tempo em que surgiram. 

Pessoas mentalmente doentes eram “exorcizadas” de espíritos malignos e, de acordo com uma perspectiva publicada no Instituto Nacional de Saúde dos EUA, “um grande número das supostas bruxas e pessoas possuídas que foram queimadas provavelmente tinham distúrbios mentais visíveis”.

De fato, algumas culturas ao redor do mundo ainda acreditam que as bruxas estão por trás das doenças mentais. Na Guiana, por exemplo, comunidades frequentemente ostracizam pessoas e em certas ocasiões chegam a atacá-las fisicamente com o endosso de líderes religiosos.

3 – Ergotismo

O ergotismo é uma infecção causada pela ingestão de produtos contaminados por um tipo de fungo conhecido como esporão-do-centeio (espécie Claviceps purpurea), da qual também se deriva a droga alucinógena LSD. 

Os sintomas podem imitar o da epilepsia ou doença mental, incluindo espasmos musculares violentos, vômitos, delírios, alucinações, sensações estranhas na pele, entre outros.

De fato, nos registros dos julgamentos feitos em Salém, Massachusetts (EUA), quase todos os acusados apresentaram os mesmos sintomas. O problema, no entanto, é que a cultura de centeio da região estava aparentemente infectada com o fungo.

4 – Encefalite letárgica

Essa condição, também muito incompreendida à época, levou à morte de muitas pessoas na fogueira. A doença, ainda de causa desconhecida, provoca uma inflamação severa no cérebro, sendo acompanhada de sintomas como febre alta, dor de cabeça, visão dupla, resposta física e mental atrasada e letargia, conforme o Instituto Nacional de Neurológicos e Derrame.

De fato, pode levar ao coma e os pacientes também podem apresentar movimentos oculares anormais, bem como fraqueza na parte superior do corpo, dores musculares, tremores, rigidez do pescoço e alterações comportamentais, incluindo psicose. 

Trata-se de uma condição rara, que pode ser muito assustadora e que permanece um verdadeiro mistério para a ciência.

Fonte(s): Medical Daily Foto(s): Reprodução / Redes Sociais

Jornal Ciência