Jovem atleta com epilepsia desafia convulsões para competir em corridas

de Merelyn Cerqueira 0

Katie Cooke, uma estudante de 19 anos de Cherrywood, no sul de Dublin, Irlanda, sofre de epilepsia crônica.



Por esse motivo, ela chega a ter 15 convulsões por dia. No entanto, como é atleta, desafia a condição, que em determinados momentos lhe deixa inconsciente, para competir em corridas importantes, de acordo com informações da BBC News. 

“Perco o controle todos os dias”, disse ela em entrevista à BBC. “Meu corpo todo treme, sinto os espasmos musculares, não consigo respirar. É como ser sugada para fora de mim”.

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Embora tenha que lidar com o problema enquanto corre, a jovem já venceu competições importantes, como a Maratona de Dublin de sua faixa etária. 

Ela afirmou ser capaz de correr cerca de cinco quilômetros em menos de 17 minutos, algo que faz na companhia de seu neurologista e parceiro de corrida Dr. Colin Doherty. 

Diagnosticada com epilepsia crônica aos nove anos de idade, ela conseguiu manter a condição sob controle com a ajuda de medicamentos.

No entanto, quando entrou na puberdade, por causa dos hormônios, a condição piorou.

“Eu não conseguia sair da cama”, revelou. “Não era capaz de fazer qualquer coisa sozinha, não conseguia falar. Minha mãe me vestia e dava banho”. 

Por esse motivo, ela passou cerca de dez meses internada e, embora tivesse participado de testes para potenciais tratamentos, sua condição apenas piorou.

Logo ela perdeu o controle da cintura e coluna e quando recebeu alta, era incapaz de andar. Embora tenha ficado em uma cadeira de rodas por sete meses, após muita fisioterapia começou a correr – algo que passou a fazer todos os dias. “Eu amava essa liberdade”, disse ela.



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Atualmente, ela pratica suas corridas todos os dias e, quando não o faz, sente tontura e cansaço. No entanto, embora a prática do exercício alivie seus sintomas, os médicos lhe garantiram que não é uma cura. Ainda, por sua frequência cardíaca aumentar enquanto está correndo, ela acaba sofrendo muito mais convulsões do que se não o fizesse. 

“Há alguns desafios se você tem epilepsia e quer correr longas distâncias”, disse Dr. Doherty à BBC. “Mas, se você só caminhasse, experimentaria os mesmos desafios, então, as vantagens superam os riscos”.



Enquanto que há cerca de 40 tipos diferentes de epilepsia, que promovem confusão ou delírios, a forma experimentada por Katie lhe causa convulsões.

Competir em corridas parecia inviável, pois todas as vezes que tinha um ataque epilético era retirada das provas por paramédicos, então ela pediu ajuda ao médico. “Sou um especialista em epilepsia, então, minha função é impedir que as pessoas a levem para uma ambulância”, disse ele. “Apenas fico ali dizendo: ‘Katie está bem, sou seu médico, ela vai se recuperar”.

Sua condição permite que ela se recupere de forma rápida de um ataque, podendo levantar e seguir em frente com a prova. Mas, o médico acredita que seu bom preparo físico possa estar relacionado a essa questão. 



Por causa da condição, Katie não conseguiu terminar o ensino médio no período escolar regular, mas completou um curso supletivo que lhe ajudou a entrar em uma universidade, onde estuda gestão esportiva.

Atualmente, ela afirma ter uma vida social saudável, que compartilha com seu namorado, Jack.

Embora muitas pessoas fiquem assustadas ao verem a jovem caindo no chão durante uma corrida, seu médico acredita que isso possa ser positivo, uma vez que pode inspirar outras pessoas que sofrem da mesma condição.



Ele considera que, ao verem a jovem enfrentando as convulsões durante as corridas, isso as incentiva a levar uma vida normal e a fazer tudo o que têm vontade. “A maior barreira não é a segurança, mas a percepção alheia”, concluiu.

Fonte: BBC Fotos: Reprodução / BBC

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