Pesquisadores geram polêmica com promessa de ‘pílula do exercício físico’

de Merelyn Cerqueira 0

Na Austrália, pesquisadores desenvolveram uma pílula que pode reproduzir os resultados de exercícios físicos – produção de músculos e saúde metabólica – em camundongos.

 

Ainda não testado em humanos, eles afirmam que o medicamento pode fornecer uma maneira de combater doenças cardíacas, já que pode ajudar o corpo a desencadear a queima de gorduras, melhorando a saúde cardiovascular. No entanto, a pílula parece não promover a perda de peso, segundo informações da Science Alert. De acordo com um dos membros da equipe, Sean McGee, da Universidade Deakin, em Melbourne, “as doenças cardíacas ainda são as maiores causas de morte de pessoas com diabetes e obesidade” e possuem poucas formas de tratamento.

 

Nós identificamos uma droga que faz com que o corpo reaja como se tivesse se exercitado, com toda a queima de gordura e benefícios cardiovasculares, o que abre possibilidades animadoras para futuros tratamentos”, disse ele. Para desenvolver a pílula, a equipe primeiramente analisou como os exercícios físicos ajudavam os ratos a queimar mais gorduras. Logo, eles descobriram que o mecanismo encontrado dentro dos músculos dos roedores que liga os sistemas responsáveis pelo metabolismo das gorduras é controlado por uma única proteína.

 

Com isso em mente, a equipe modificou geneticamente a proteína para que a sua capacidade fosse desativada. Eles descobriam que, mesmo sem realizar atividades físicas, os músculos dos ratos pareciam ter sido exercitados, além disso, o metabolismo também parecia ter acelerado. Isto deu-lhes a ideia de que era possível induzir esse mesmo estado a partir de uma droga.

 

Segundo McGee, durante os testes, “os ratos que corriam por muito mais tempo em uma esteira de exercícios queimaram mais gordura e apresentaram um declínio maior de lipídios (gorduras) no sangue, alguns dos quais estão associados a doenças cardiovasculares e diabetes”, disse ele acrescentando que os níveis de glicose também foram reduzidos.

 

Falando sobre a droga, a equipe afirmou que ela melhorou a saúde vascular dos roedores, apesar de não ter apresentado quaisquer efeitos sobre o peso. Possivelmente por causa do aumento das taxas metabólicas, os animais passaram a comer muito mais do que antes. De acordo com McGee, este fato não foi considerado surpreendente, já que é de conhecimento geral que os exercícios físicos sozinhos não são tão eficazes na perda de peso. “Está mais associado a mudanças na dieta”, disse.

O que sabemos é que os ratos que receberam a droga durante longos períodos se mostraram metabolicamente muito mais saudáveis ​​do que aqueles que não tomaram a droga”. Em outras palavras, se a droga passar por testes realizados em humanos e apresentar os mesmos resultados, ele irá fornecer alguns dos principais benefícios proporcionados pelos exercícios físicos, o que inclui melhoria no funcionamento cardiovascular e metabolismo. Entretanto, ela não poderá ser usada como uma forma de perder peso ou inibir apetite.

 

Logo, a droga provavelmente será destinada a pessoas que não podem praticar exercícios físicos ou estão em risco de doenças cardíacas. Basicamente, o objetivo dos cientistas é que ela promova em pessoas de saúde debilitada uma forma de “se exercitar”.

 

É importante salientar que os resultados atuais, publicados na revista Cell Reports, são estritamente baseados em como a pílula funcionou em ratos, o que significa que ela pode não ser igual para nós. A ideia da equipe é que, em breve, a próxima fase de testes, que poderá ser feita em seres humanos, revele um pouco mais sobre o assunto.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Pixabay

Jornal Ciência