“Seita do Jejum”: 300 estão desaparecidos e 90 é o número de mortos confirmados, diz Cruz Vermelha

Os participantes da seita foram estimulados a não comer com a promessa de “alcançar o Paraíso” ao passar fome antes do “fim do mundo”

de Redação Jornal Ciência 0

Pelo menos 90 pessoas morreram de fome, orientadas a fazer jejum total, na esperança de chegarem ao Paraíso. O fato ocorreu em um culto na cidade queniana de Malindi.

Dezenas de pessoas se reuniram em um necrotério local nesta última quarta-feira (26/04) em busca de informações sobre seus entes queridos, já que centenas de pessoas estão desaparecidas e permanecem em jejum.

Esta é uma das piores tragédias dos últimos anos relacionadas a cultos e seitas. Até o momento, são 90 mortes confirmadas pelos órgãos de saúde do Quênia, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

Espera-se que o número de vítimas aumente drasticamente, já que mais de 300 pessoas foram dadas como desaparecidas, de acordo com a Cruz Vermelha, em informação divulgada à imprensa. O temor é que elas tenham se escondido para continuarem mantendo o jejum e falecido em locais desconhecidos.

Desde sexta-feira (21/04), as autoridades têm desenterrado restos humanos de covas rasas descobertas em uma área de 324 hectares da floresta Shakahola, onde a autoproclamada Good News International Church estava sediada. Como resultado, o necrotério se encheu rapidamente com os restos mortais recuperados.

Em Malindi, cidade costeira, Mwachai Jombo, morador de 48 anos, expressou sua angústia ao visitar o necrotério em busca de sua esposa, filho e duas filhas, que haviam desaparecido. “Meu coração está sofrendo muito”, disse ele, segundo a CNN.

Um homem alegou que sua esposa entrou para a seita e se mudou para a floresta há 3 anos, levando consigo todos os itens domésticos da família e três de seus filhos.

Outra testemunha disse que enviou 7.000 Xelins Quenianos (quase R$ 250,00 — valor considerável para a realidade econômica do país) para sua mulher se manter, mas que ela havia dado a maior parte do dinheiro para a seita.

Até o momento, centenas de pessoas estão desesperadas por notícias e visitam hospitais e o necrotério para informações.

Foram 81 corpos descobertos em valas comuns, sendo que 8 indivíduos enterrados foram encontrados vivos, mas acabaram morrendo logo depois devido aos ferimentos e gravíssima desnutrição e desidratação.

A polícia informou que 15 membros da seita, incluindo o líder Paul Mackenzie, foram levados sob custódia. Mackenzie se rendeu às autoridades e está atualmente preso.

A recusa de Mackenzie em receber comida e água foi relatada pela mídia queniana — o que estimulou ainda mais seus seguidores.

No local da sede, vários seguidores foram encontrados passando fome e informaram estar sob instruções do líder, que prometeu que todos eles encontrariam Jesus pelo sacrifício antes de chegar o “fim do mundo”.

O líder Paul Mackenzie já foi preso duas vezes, em 2019 e em março deste ano, em relação à morte de crianças, mas em ambas foi libertado sob fiança e as investigações continuaram em andamento nos tribunais do Quênia.

Desta vez, políticos do país pediram diretamente ao poder judiciário que não solte Paul Mackenzie e o condene por propagar cultos e seitas. O destino do líder religioso é incerto, visto que cultos e seitas são comuns no Quênia. 

Fonte(s): CNN / LAD / South China Morning Post / New York Post / The Guardian Imagem de Capa: Reprodução / Print de Tela via Twitter Foto(s): Reprodução / Polícia Nacional do Quênia via Twitter

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