Jejum de 72 horas pode gerar revolução no seu sistema imunológico, diz estudo

de Merelyn Cerqueira 0

Segundo um estudo publicado na revista Cell Metabolism, jejuar por três dias pode regenerar completamente o sistema imunológico.

Embora as dietas de jejum tenham sido criticadas por muitos nutricionistas, a nova pesquisa sugere que a privação de alimentação pode incitar as células-tronco a produzirem novos glóbulos brancos, responsáveis por combater infecções. As informações são da Business Insider.

A pesquisa, feita por cientistas da Universidade de Southern California, nos EUA, pode ser particularmente benéfica para pessoas em quimioterapia, por exemplo, que sofrem devido as baixas no sistema imunológico. 

Ela também pode ajudar idosos cuja imunidade se torna cada vez mais fraca à medida que envelhecem, tornando-os mais susceptíveis a doenças comuns.

De acordo com os pesquisadores, o jejum “ativa um interruptor regenerativo”, que leva as células-tronco a criar novos glóbulos brancos, essencialmente regenerando todo o sistema imunológico.

“Ele dá um ‘OK’ para as células-tronco começarem a proliferar e reconstruir todo o sistema”, explicou Valter Longo, professor de gerontologia e ciências biológicas da Universidade da Califórnia.

“E a boa notícia é que o corpo se livra das partes do sistema que podem ser danificadas, antigas e ineficientes, durante o jejum. Então, se você estiver com um sistema fortemente danificado por quimioterapia ou envelhecimento, os ciclos de jejum podem gerar, literalmente, um novo sistema imunológico”, disse.

Ele explica que o jejum prolongado obriga o corpo a usar reservas de glicose e gordura, destruindo no processo uma porção significativa de glóbulos brancos.

No entanto, este esgotamento de células brancas induz mudanças que desencadeiam a regeneração por meio das células-tronco.

Em ensaios realizados com seres humanos, foram solicitados aos participantes jejuarem regularmente entre dois e quatro dias durante um período de 6 meses.

Os cientistas descobriram que o jejum prolongado também reduziu a enzima PKA, que está associado ao envelhecimento e a um hormônio que aumenta o risco de câncer e o crescimento tumoral. 

“Nós não prevemos que o jejum prolongado teria um efeito tão notável na promoção da regeneração baseada em células-tronco do sistema hematopoiético”, afirmou o professor Longo.

“Quando você está com fome, o sistema tenta economizar energia e uma das coisas que pode fazer para economizá-la é reciclar uma grande quantidade de células imunes que não são necessárias, especialmente aquelas que podem estar danificadas”.

“O que notamos em nosso trabalho, feito em humanos e animais, é que a contagem de glóbulos brancos diminui com o jejum prolongado. Então, quando ocorre a realimentação, as células do sangue voltam”, acrescentou.

Os pesquisadores verificaram ainda que o jejum de 72 horas protegeu os pacientes com câncer contra os impactos tóxicos da quimioterapia.

“Enquanto a quimioterapia salva vidas, ela causa danos colaterais significativos ao sistema imunológico. Os resultados deste estudo sugerem que o jejum pode mitigar alguns dos efeitos nocivos”, disse a coautora do estudo, Tanya Dorff, professora assistente de medicina clínica na USC Norris Comprehensive Cancer Center and Hospital.

No entanto, ela atesta que mais estudos clínicos ainda são necessários para que possamos considerar qualquer intervenção dietética – que deve ser realizada apenas sob orientação de um médico. 

“Estamos investigando a possibilidade de que esses efeitos sejam aplicáveis ​​a muitos sistemas e órgãos diferentes, não apenas ao sistema imunológico”, acrescentou o professor Longo.

Por outro lado, alguns cientistas se apresentaram céticos aos resultados, afirmando que a fome poderia ser perigosa. Para o Dr. Graham Rook, por exemplo, um professor emérito de imunologia na University College de Londres, o estudo é “improvável”.

Entretanto, o professor Longo rebateu dizendo que “não há provas de que o jejum seja perigoso, enquanto há evidências fortes de que seja benéfico para a saúde. Recebi e-mails de centenas de pacientes com câncer que combinaram quimioterapia com jejum, muitos com a assistência dos oncologistas”, revelou.

“Até agora, a grande maioria informou ter benefícios e apenas alguns relataram alguns efeitos secundários, incluindo desmaios e um aumento temporário nos marcadores de fígado. Claramente, precisamos terminar os ensaios clínicos, mas parece muito promissor”, finalizou.

Fonte(s): Diário de Biologia Imagem de Capa: Shutterstock

Jornal Ciência