Função do pescoço das girafas é questionada após fóssil de 17 milhões de anos contrariar teorias evolucionistas

Teorias evolucionárias dizem que girafas desenvolveram altura para comer melhor, alcançando as folhas mais altas, mas seus ancestrais podem ter evoluído o pescoço longo como vantagem nas lutas e não pelas folhas altas

de Redação Jornal Ciência 0

Levando em consideração a verdadeira guerra brutal para adquirir recursos como alimentos, a seleção natural nos ensinou que as girafas possuem pescoços enormes para comer folhas altíssimas que outros herbívoros não conseguem acessar.

O que parecia óbvio há centenas de anos, começou a fomentar um debate sem fim, com biólogos e especialistas propondo que várias vértebras estendidas não eram para alcançar folhas altas, mas armas de guerra durante brigas masculinas pelo amor da fêmea.

Nem todos os cientistas estão convencidos com as duas explicações, deixando muito espaço para debate sobre o benefício da morfologia característica e impressionante do pescoço das girafas.

Um novo estudo baseado no crânio e nas vértebras de um antigo herbívoro adiciona novas evidências à discussão, concluindo que, pelo menos um herbívoro semelhante a uma girafa, realmente tinha pescoços construídos para golpear e não para alcançar folhas.

Os ossos fossilizados foram descobertos no norte da China há mais de 20 anos pelo paleontólogo Jin Meng, hoje curador do Museu Americano de História Natural, em Nova York.

Reconstrução das vértebras fortíssimas do fóssil e de sua estrutura no topo do crânio.

Uma nova análise da descoberta por Meng revelou características do mamífero que podem nos ajudar a entender melhor as forças envolvidas no desenvolvimento da anatomia única da girafa.

Batizado com o nome de um mítico bode unicórnio na tradição chinesa, a espécie recém-descrita como Discokeryx xiezhi, é um antigo membro da superfamília Giraffoidea, que percorria as savanas durante o período Mioceno, há 17 milhões de anos.

O que mais se destaca na espécie Discokeryx xiezhi é um tipo de “capacete”, parecido com os usados por soldados de infantaria medieval. Essa cobertura do crânio, que é levemente abaulada, tem forma e estrutura perfeitas para confrontos de rivais machos.

Para testar a hipótese de que o crânio da espécie deu vantagens em conflitos físicos, a equipe de pesquisadores usou uma técnica matemática para medir as forças potenciais que o crânio e as vértebras suportariam sob colisões.

Eles descobriram que a estrutura no topo da cabeça, os ossos do pescoço e suas articulações, eram capazes de resistir a uma violência extraordinária, talvez mais do que qualquer outro animal conhecido na natureza.

Embora a espécie esteja distantemente relacionada às girafas modernas, a descoberta implica que o combate corpo a corpo não seria um comportamento novo, sendo algo muito antigo entre as girafas e suas espécies próximas. Isso faz a teoria evolucionista das espécies ser questionada ou debatida.

Representação do fóssil de Discokeryx xiezhi no primeiro plano e, ao fundo, as girafas modernas, mantendo o mesmo hábito das lutas entre machos.

O principal autor do estudo, Wang Shi-Qi, paleontólogo da Academia Chinesa de Ciências, acredita que as girafas modernas e as outras pertencentes à família Giraffoidea, evoluíram seus pescoços para lutar pelo acasalamento.

O habitat em que Discokeryx xiezhi se encontrava também se assemelhava aos campos abertos que as girafas modernas evoluíram para se adequar, sugerindo ainda mais comportamentos compartilhados.

Não há uma maneira fácil de demonstrar, com certeza, os tipos de pressões em ação que forçam e moldam as características de um organismo.

A seleção natural não discrimina quando se trata de propósito. Se um pescoço longo ajuda a lutar, alimentar e fugir de predadores sem comprometer muito a forma física, ele permanecerá um pouco mais e ajudará o animal. Esta pesquisa foi publicada na revista Science.

Fonte(s): Euro News / New York Times / Science Alert Imagens: Reprodução / Yu Wang e Xiaocong Guo

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