Adotado, menino vendido pelo Estado Islâmico reencontra a família

de Julia Moretto 0

Um menino iraquiano recebeu o nome de Ahmed de um casal o comprou por US$ 500 (cerca de R$ 1560) e o levou de volta para sua família no Iraque – local em que ela fora atacada pelo Estado Islâmico. No episódio, parte da minoria religiosa yazidi teve seus parentes massacrados e os que sobreviveram foram vendidos como escravos.

 

Foi desta maneira, que Ayman, de apenas 4 anos, chegou à casa do casal islâmico Umm e Abu Ahmed. O convívio com o casal durou 18 meses. Milhares de pessoas morreram desde que militantes do El invadiram casas e realizaram o genocídio. Por este motivo, a família de Ayman acreditava que o menino estava morto. Assim que as forças iraquianas chegaram no Leste de Mossul, encontraram o garoto e o levaram até sua família.

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Na foto, a criança abraça a avó, que não via há um ano e meio

Em entrevista para a Reuters, Abu Ahmed contou que sua esposa que teve a ideia de adotar a criança. Ela tinha escutado que o Estado Islâmico estava comercializando órfãos em uma cidade próxima.

 

Com o tempo, Ayman se adaptou às tarefas da nova vida, como aprender árabe. O casal apresentava o menino como sobrinho e o matriculou em uma escola com o nome de Ahmed Shareef. O casal aconselhava Ayman a não falar a sua origem para ninguém. “Ele era muito esperto, o ensinei a orar e realizar abluções, você sabe quanto do Alcorão ele memorizou?“, contou Umm Ahmed.

 

Ayman perguntava sobre o resto de sua família, mas Umm e Abu Ahmed não sabiam o que tinha acontecido com eles, exceto sobre uma irmã que foi vendida como escrava. A família de Ayman foi atacada por serem considerados infiéis pelo IE, pois a sua religião utiliza diversas crenças do Oriente Médio. Além de Ayman, sua irmã e o meio-irmão também foram vendidos como escravos.

 

Após a reconstrução da cidade de Mossul, o Exército recebeu denúncias sobre o garoto mantido em cativeiro. A única opção do casal foi entregar o menino. Um vídeo mostra Umm pedindo para que os soldados a deixem ter mais tempo com o menino. Na mesma noite, o menino foi entregue à sua família biológica. Apesar de parecer um final feliz, o rompimento com sua família adotiva foi motivo de tristeza.

 

Através do Facebook, a avó e o tio biológicos de Ayman souberam do resgate do menino. Eles vivem em um campo de refugiados. “Eu fiquei sem palavras. Foi um milagre, ele voltou dos mortos”, disse Samir Rasho Khalaf, o tio. Já em um vídeo, a avó de Ayman chora ao reencontrar o neto.

 

O reencontro foi importante e emocionou a todos. “Nós todos choramos”, disse o major Wathiq Amjad Naathar. No entanto, o garoto ainda sentia falta de sua família adotiva. Em uma recente visita em sua casa feita pela Reuters, Ayman conta que está mais calmo e feliz. Quando perguntado se ele era feliz com a sua família adotiva, a resposta foi “sim”. E ao ser perguntado se estava contente com a família biológica, a resposta também foi “sim”.

[ R7 ] [ Fotos: Reprodução: R7 ]

Jornal Ciência