Em uma noite de verão de 1971, Rick Freund, à época com 24 anos, voltava para casa após assistir a uma corrida de carros em Fresno, na Califórnia.
Enquanto dirigia ele avistou uma parte do céu sendo iluminada pelo que parecia ser fogo.
Ele se encaminhou em direção ao incêndio e viu uma casa em chamas. Ao lado dele, três meninas trajando ainda suas camisolas, de pé no gramado e chorando ao lado da mãe, que gritava: “Meu bebê! Meu bebê! Onde está meu bebê?”.
Freund então perguntou à mãe desesperada onde estava a criança, e ela apontou para o quarto. Os bombeiros ainda não haviam chegado na cena, apenas os policiais do condado de Fresno. Quando um destes estilhaçou uma janela e ajudou a içar Freund em direção ao quarto, já que era o mais magro entre os presentes.
Uma vez dentro da casa, se deparou com um quarto cheio de fumaça e chamas se aproximando da porta. Do outro lado, um bebê sorridente o olhava de seu berço. O homem pegou a criança e a passou pela janela, em seguida, pulou para fora, cortando as costas e as mãos nos resquícios de vidro.
Freund então foi embora, sem sequer saber se a criança que havia salvo era um menino ou menina. Anos se passaram e a família decidiu localizar o herói até então anônimo para agradecê-lo.
Assim, quarenta e seis anos depois, ele finalmente soube que o bebê que salvou naquela noite era Robert “Bobby” Magee, hoje um homem de 47 anos que é pai de três filhos.
Magee cresceu sabendo sobre seu herói e isso o inspirou a ajudar a salvar centenas de outras vidas. Nos últimos 18 anos, ele trabalhou organizando campanhas de doação de sangue em parceria com um amigo.
Seus esforços resultaram em mais de 18 mil unidades de sangue coletadas para o Hemocentro da Califórnia.
“Acho que isso é o que mais me orgulha, saber que todos os anos nós conseguimos salvar vidas”.
A reunião entre Magee e seu herói foi organizada por uma de suas irmãs, Cyndee Farr-Gutierrez. Tudo começou após ela escrever uma história para um trabalho da faculdade em que contava sobre o incêndio que destruiu sua casa. Isso a fez pensar em como sua família nunca havia tido a chance de agradecer à pessoa que salvou a vida de seu irmão.
Então, escreveu uma carta de agradecimento a Freund e mandou um e-mail ao jornal local The Fresno Bee, pedindo se poderia ser impressa junto a edição do dia.
Sua família sabia o nome de Freund graças a uma antiga reportagem, em que o nome dele aparecia em uma fonte. No entanto, a família não teve sorte em conseguir localizá-lo.
O reencontro só foi acontecer no ano passado. A família apareceu com diversos presentes e muita gratidão, enquanto o herói desmascarado respondia a suas perguntas sobre a noite do incêndio.
Freund, um ex-policial militar do Exército e atualmente proprietário de uma empresa de transporte de cargas, à época era aluno da Fresno City College, e trabalhava como supervisor em uma empresa que fabricava equipamentos agrícolas.
A mãe de Magee, Carol, morreu em 2003 sem poder agradecer pessoalmente ao homem que resgatou seu filho.
No entanto, toda a sua gratidão foi impressa em uma história escrita em 1971 sobre Freund, a qual fez em nome do filho salvo, que tinha apenas 4 meses de vida.
“Você me trouxe para a segurança e desapareceu antes que meus pais pudessem expressar sua gratidão”, dizia a carta. “Mas, os heróis não querem ser agradecidos, porque fazem isso de bom coração”.
“Apenas obrigado é muito inadequado por ter salvo minha vida. Mas eu sei que mamãe e papai farão o melhor que puderem para me ensinar o que é certo e errado e fazer exatamente como você fez. Você viu o que tinha que ser feito e fez isso. Jamais iremos te esquecer”, concluiu a publicação da mãe antes de falecer.
Fonte: The Pueblo Chiftain Fotos: Reproduçao / The Pueblo Chiftain